São Paulo, sábado, 10 de maio de 1997
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Dornelles rejeita concluir Alca em 2005

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo brasileiro rejeita a possibilidade de redução das tarifas de importação antes de 2005. A tese é defendida pelos Estados Unidos e pelo Canadá, principais oponentes à proposta do Mercosul nas negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
"Não haverá novo choque de redução tarifária antes de 2005. Eles podem querer amanhã, mas esse é um ponto em que não há consenso", afirmou ontem o ministro Francisco Dornelles (Indústria, Comércio e Turismo).
As discussões entre ministros do Comércio dos 34 países para definir as regras de negociação da Alca vão ocorrer na próxima semana, em Belo Horizonte (MG). A expectativa é que o encontro termine sem cumprir seu objetivo.
Segundo Dornelles, o Mercosul concorda em iniciar as negociações em 1998 -como defendem os Estados Unidos.
Sem conclusão
Mas não quer fixar data para a conclusão. Tampouco aceita a adoção de qualquer acordo específico antes do consenso de todos os países a todos os temas negociados na Alca.
"O entendimento pode ser no ano 4000. Você pode namorar 20 anos e não se casar", afirmou Dornelles.
A principal preocupação do Mercosul é chegar a um acordo equilibrado. Ou seja, evitar fazer concessões sem a garantia da contrapartida dos Estados Unidos e Canadá -as economias mais fortes da Alca.
Em termos práticos, isso quer dizer que o Mercosul não vai concordar com a discussão do acesso ao mercado (redução de tarifas) enquanto os EUA não eliminarem boa parte das barreiras comerciais que prejudicam suas exportações.
Gradualismo
Segundo o ministro Luiz Felipe Lampreia (Relações Exteriores), a proposta do Mercosul deverá ser de "gradualismo e prudência" nas negociações.
"Podemos encontrar várias fórmulas de negociação, mas o essencial é que a eliminação das barreiras seja levada em conta tanto quanto a abertura do mercado", declarou Lampreia.

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