São Paulo, sábado, 10 de maio de 1997
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Parlamento já investiga a cúpula da CBF

MÁRIO MAGALHÃES e SERGIO TORRES

MÁRIO MAGALHÃES; SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

'Subcomissão formada por deputados se encontra com Ricardo Teixeira e prepara pedido de instalação de CPI

A subcomissão da Câmara dos Deputados que apura o escândalo na arbitragem já investiga as ligações de Ivens Mendes, ex-presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, com a cúpula da Confederação Brasileira de Futebol.
Mendes é suspeito de prometer ajuda a times de futebol em troca de contribuições para sua campanha eleitoral.
"Queremos saber até onde ia esse relacionamento, se Mendes contava com a conivência da cúpula", disse ontem o deputado federal Lindberg Farias.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, respondeu a pergunta sobre eventual disposição de deixar a entidade devido à crise. "Seria um covarde se fizesse isso."
A subcomissão, coordenada por Farias, foi criada pela Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados.
Ontem, ela esteve na CBF pedindo "esclarecimentos" a Teixeira e ao secretário-geral, Marco Antônio Teixeira, tio do presidente.
A subcomissão está recolhendo assinaturas para instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar suposta manipulação de resultados.
Para Farias, "a CPI pode pedir quebra do sigilo bancário, telefônico e fiscal não só de Ivens Mendes, mas da cúpula da CBF."
O deputado Eurico Miranda, vice-presidente do Vasco e membro da subcomissão, também afirmou que quer saber se as ligações de Mendes chegavam à cúpula.
A subcomissão espera que a Procuradoria Geral da República no Rio peça à Justiça a quebra do sigilo bancário de Ivens Mendes.
A disposição dos deputados de investigar as ligações de Mendes com a cúpula contrastam com a visão de Teixeira. Após a reunião na CBF, ele respondeu a cinco perguntas. Depois, saiu. A entrevista prosseguiu com os deputados.
"A CBF vai fornecer o que a subcomissão solicitar", disse Teixeira. "O assunto está localizado, na Conaf e no ex-presidente da Conaf."
Ivens Mendes assumiu em 89 e se manteve até quarta, sempre nomeado por Ricardo Teixeira.
"Já tiramos algumas conclusões sobre as ligações", afirmou Farias. "Mas é preciso agir com cautela, formando um dossiê."
Ele disse acreditar que a campanha de Mendes a deputado federal em Minas Gerais poderia ser uma farsa, "forma sutil de arrecadação de dinheiro para fins próprios".
A subcomissão vai convidar -ela não tem poder de convocação- para conversa os presidentes do Corinthians, Alberto Dualib, e do Atlético-PR, Mário Celso Petraglia, que teriam feito pagamentos a Mendes.

LEIA MAIS sobre o caso envolvendo Ivens Mendes à pág. 3-15

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