São Paulo, sábado, 10 de maio de 1997
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Fitas aumentam a pressão pela reforma do fut

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, se as condições para a reforma do sistema futebolístico brasileiro vinham amadurecendo rapidamente, o caso das relações aéticas, para escrever o mínimo, entre a maior autoridade da arbitragem nacional e os presidentes de clubes de futebol, revelado pelo repórter Marcelo Rezende, da Globo, reforça a convicção da necessidade de mudança-já.
Os problemas estruturais do futebol brasileiro não serão sanados apenas no âmbito da Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol. Ele são tão graves quanto, mas maiores.
Casos como esse são tipificações grosseiras de um comportamento geral, que só existe por que o sistema do futebol doméstico permite uma movimentação financeira oculta, fora do controle das leis.
Entre outros, as fitas têm ainda o mérito de ampliar o debate em torno do tema e o de formar a opinião que alguma coisa precisa ser feita (assim como a série "País do Futebol", da Folha, foi um passo importante nessa direção).
Não se conhece ainda o texto da proposta que o ministro Pelé encaminhará ao Congresso, mas o tema precisa ser tratado com especial atenção pelo Executivo e pelo Legislativo.
Não dá para reformar a vida institucional brasileira sem passar pela modernização e saneamento do futebol.
Quando o Ministério da Previdência, que diz estar procurando mais eficiência no setor, parcela a dívida de R$ 14,253 milhões do Flamengo, a sociedade brasileira precisa estar ciente do que ocorre nessas negociações.
Quando a Receita Federal, tão severa em outros casos, negocia a dívida de R$ 10,672 milhões do Flamengo, o contribuinte tem direito de saber os termos dessa negociação.
Sobre o caso das fitas especificamente: além da Justiça Desportiva, a Procuradoria da Justiça, a Receita Federal e a Justiça Eleitoral têm responsabilidades na apuração.
No primeiro caso, por que milhões de torcedores-consumidores foram lesados; no segundo, por que é preciso saber de onde veio e para onde vai o dinheiro que os presidentes dos clubes transferiram para Ivens Mendes; no terceiro, por que ele diz que usaria as doações para benefícios eleitorais.
Por fim: três reportagens em três dos mais importantes jornais do país, tentavam, ontem, afastar qualquer responsabilidade do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, no caso.
Esses próprios jornais publicaram depoimentos de pessoas que alertaram Teixeira sobre o problema Ivens Mendes. Ele, contudo, preservou e conviveu com o problema por dez anos.
Diante desses depoimentos, só vejo três alternativas: ou o presidente da CBF é um homem ingênuo, ou é mau administrador ou foi conivente.
*
Observador rigoroso do futebol, Flavio Prado escolhe a sua seleção dos mais elegantes:
Gilmar dos Santos Neves; Carlos Alberto, Mauro Ramos, Dario Pereira e Newton Santos; Beckenbauer, Falcão, Ademir da Guia e Pedro Rocha; Cruyff e Van Basten.
Ele inclui ainda Platini, pelo que jogou e pelo que fala. Exemplo? "A diferença da Copa dos americanos para a da França é a mesma da Coca-Cola para o champanhe."

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