São Paulo, sábado, 10 de maio de 1997
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Interesses distintos

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

É necessário reconhecer que a Rio 400 evoluiu bastante em um ano. A infra-estrutura, a organização e a pista estão bem melhores do que em 1996.
Só falta público, que, no final das contas, deveria ser o principal da história. Mas, no Rio, infelizmente, não é.
Pior: tudo não passa de patéticos conflitos de interesse. Tantos que fica difícil enumerar. Algo inaceitável, se levarmos em conta que a Indy está longe de ser o grande divertimento dos brasileiros.
É um evento relativamente novo, de regras chatas para quem está acostumado com a F-1, e que merece melhor tratamento de quem está envolvido.
Mas, a exemplo do que aconteceu com a F-1 durante anos, tem pouca gente interessada em ver o negócio crescer. Interessa, sim, tirar o máximo de lucro enquanto for possível. Um faroeste, como os diversos que acontecem em nosso país.
Tanto que o problema não é exclusivo do automobilismo nacional. Basta ver o mar de lama que transbordou no futebol nesta semana. Vivemos num bananal, de fato.
E essa história que falta dinheiro é cascata. Pagamos caro tanto pela F-1 quanto pela Indy. Mais que outros países.
Uma quantidade enorme de pilotos, uns medíocres outros nem tanto, financiou, financia e financiará assessores, chefes de equipes e intermediários.
Na verdade, isso não é diferente em nenhum lugar do mundo. A única coisa é que aqui tudo é over, exagerado.
E na Indy, onde o aspecto esportivo é submisso ao marketing, típico dos esportes nos EUA, a coisa fica complicada.
Mas o Rio continua lindo, os cariocas continuam desinteressados, e haverá aquela meia dúzia de paulistas, goianos, paranaenses e gaúchos que enfrentarão a estrada para o velho e saudável programa de índio, que sempre aceitamos, como aceitamos, a cada semana, um escândalo nacional.

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