São Paulo, sábado, 10 de maio de 1997
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Casa Bandida

JUCA KFOURI

Quer dizer que o Caixa D'Água foi à CBF aconselhar Ricardo Teixeira? Quer dizer que Ricardo Teixeira mandou abrir inquérito no tribunal da própria CBF, nomeado por ele, e que nove anos depois descobriu que a arbitragem não deve ficar na mão de uma só pessoa?
Edificante!
Caixa D'Água é mesmo especialista em sair de enrascadas, as galinhas serão julgadas pelas raposas e abrir mão do instrumento de poder chamado arbitragem não ocorre ao presidente da CBF, que montou uma comissão...
E o que dizer do fato de não ter havido nenhuma reação indignada do titio Marco Antônio Teixeira, secretário-geral da CBF, ao ouvir Ivens Mendes dizer que esse negócio de fazer licitação de gráficas dá muito trabalho?
Será que só a Rhumell -fornecedora apenas dos uniformes dos árbitros da CBF- depositava dinheiro na conta 8732234 de Ivens Mendes, na agência 0003 do Banco Real, no Rio de Janeiro?
Outras contas não seriam, são e continuarão a ser engordadas por outras marcas?
Os usos e costumes da CBF -a Casa Bandida do Futebol- estão vindo à tona e, diga-se, não são práticas diferentes das que ocorrem nas federações estaduais.
Certo mesmo está o ex-presidente do Botafogo Carlos Augusto Montenegro, ao dizer ao "Jornal do Brasil" o que segue: "Tenho certeza de que o Botafogo somente foi campeão brasileiro em 1995 porque seu adversário na final era o Santos, time de Pelé, inimigo declarado da CBF. Se fosse outro clube, a situação seria diferente".
O escândalo da CBF envolve gente demais para que apenas Ivens Mendes -um arquivo vivo que, se não for muito bem tratado pelos seus ex-protetores, pode vir a ser uma das melhores entrevistas deste país- e os tíbios presidentes do Corinthians e do Atlético Paranaense, cúmplices e vítimas de uma situação que mistura silêncio e chantagem, sejam condenados.
Se a Lei Zico não dá instrumentos para uma devassa na CBF, que a Procuradoria Geral da República se manifeste. Que a Receita Federal aja diante de tantas evidências de caixa 2, enfim, que as autoridades, ministro Pelé incluído, mostrem ao país que a CBF não é uma entidade acima da lei numa terra de ninguém.
E que lástima a constatação de que grande parte da imprensa só faz tentar proteger o presidente da CBF!

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