São Paulo, sábado, 10 de maio de 1997 |
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Papa faz visita aos cristãos do Líbano
MARCELO MUSA CAVALLARI
Durante 15 anos, milícias cristãs, xiitas, sunitas e drusas lutaram umas contra as outras. Em 1990, a paz foi imposta por cerca de 40 mil soldados sírios, 35 mil dos quais continuam no país. O acordo de Taef, patrocinado pela Síria e assinado numa base síria no Líbano, estabeleceu nova divisão de poder. Desta vez, os muçulmanos têm proeminência. Formou-se novo gabinete e eleições geraram um novo Parlamento. A comunidade cristã dividiu-se. Parte dela, sob a liderança do atual presidente libanês, Elias Hraui, aderiu ao acordo. Outra parte se sente espoliada. A igreja maronita -católicos de rito oriental, majoritários entre os cristãos do Líbano- se tornou a principal porta-voz do descontentamento cristão. "As eleições foram organizadas sob controle da Síria. Os cristãos sentem que não são representados no governo ou no Parlamento", disse o patriarca maronita Nasrallah Sfeir. Sfeir receberá o papa no aeroporto. Já ali estarão em presença de enormes retratos do presidente sírio, Hafez al Assad. De lá até o centro de Beirute, João Paulo 2º será levado através de bairros controlados pelo Hizbollah, milícia xiita da guerra civil e a única ainda armada. São comuns por ali os retratos do aiatolá Khomeini, líder espiritual da Revolução Islâmica do Irã. O xeque Mohammed Hussein Fadlallah, líder do Hizbollah, garante que o papa não tem nada a temer do seu grupo. Os xiitas estão esperando o papa "com o coração cheio de amor", disse. Seja como for, a preocupação com segurança é grande. Em, 91 uma visita do papa ao Líbano foi cancelada por causa de um atentado a uma igreja (leia texto nesta página). Cerca de 20 mil soldados do Exército, 5.000 policiais, cachorros, veículos blindados, helicópteros e lanchas vão garantir a segurança de João Paulo 2º. O papa será recebido pelo presidente Hraui e pelo premiê, o muçulmano Rafik Hariri, no palácio de Baabda. Depois, irá em um helicóptero da ONU pilotado por italianos até Bkerke, subúrbio em que se encontra a sede do patriarcado maronita. Ali perto visitará a basílica de Nossa Senhora do Líbano, em Harissa, onde se reunirá a cerca de 15 mil jovens. No domingo, volta ao centro de Beirute. Em um terreno junto à linha verde, que separava setores cristão e muçulmano da cidade durante a guerra, celebrará missa para 250 mil pessoas. *Com agências internacionais Próximo Texto: Miliciano cristão recebe terceira condenação Índice |
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