São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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Propaganda ganha atenção especial

LUCIO VAZ; LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A divulgação de obras de governadores candidatos à reeleição, ou prováveis postulantes, exige muito dinheiro. Pode faltar verba para tudo, menos para propaganda.
O governador Valdir Raupp (PMDB-RO) desviou R$ 1,48 milhão da Ceron (Centrais Elétricas/RO) para pagar publicidade.
O Tribunal de Contas do Estado apurou que o dinheiro foi liberado na forma de aporte de capital da Ceron, mas não chegou à empresa.
Os cheques da Secretaria da Fazenda foram descontados e depositados na conta da empresa de publicidade Nortebrás. Raupp, candidato assumido à reeleição, confirmou a operação à Folha: "Foi o meio de fazer. Não tinha como pagar as empresas de publicidade".
O governador Dante de Oliveira (PSDB-MT) gastou R$ 18,7 milhões em publicidade em 1996. Em setembro, baixou decreto remanejando R$ 4,8 milhões de vários setores do orçamento do Estado (incluindo R$ 1,5 milhão da saúde) para pagar publicidade.
Dividendos
Governadores também usam símbolos pessoais como marca de propaganda oficial das administrações. No Amazonas, Amazonino Mendes (PFL) utilizou a letra "A" como logomarca do governo em propagandas do governo.
A mesma letra "A" já tinha sido usada por ele na campanha eleitoral de 94. O símbolo da campanha era uma abelha com um "A" no peito. Pressionado pelo Ministério Público, o governador voltou a utilizar a bandeira do Estado como símbolo em campanhas oficiais.
Em outros casos, como em Roraima, o próprio governador é garoto propaganda. Neudo Campos (PTB) foi mostrado em 96 em anúncio de TV sobre programa do governo para casas populares. O Ministério Público considerou a peça irregular e pediu a devolução do dinheiro gasto com o anúncio.
Um dos campeões em gastos com publicidade é o governador Jaime Lerner (PDT-PR). O Tribunal de Contas aponta gastos de R$ 37,6 milhões em 95. O governo diz ter gasto R$ 51 milhões em 95 e 96.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) diz que Lerner gastou R$ 105 milhões no ano de 96. Esses dados chegaram ao TCE no final de abril. "Isso é a campanha pela reeleição", afirma.
(LV e LF)

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