São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Carcereiro ameaça parar amanhã

Agentes da Casa de Detenção temem virar reféns

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os agentes carcerários da Casa de Detenção, zona norte de São Paulo, decidiram cruzar os braços a partir de amanhã em protesto contra a falta de segurança no trabalho. Eles temem cair como reféns dos presos, como ocorreu na última segunda-feira.
As assembléias que decidiram pela greve foram realizadas na terça e quarta-feira.
Oswaldo Teixeira de Melo, 38, presidente do Sindicato dos Agentes Carcerários, diz que, enquanto durar a paralisação, não serão permitidas as entradas de advogados, oficiais de Justiça ou saídas de presos para o fórum.
O banho de sol dos presos e as visitas também serão suspensos. A paralisação não tem prazo para acabar, segundo Melo.
"Queremos que o Estado nos receba para discutir. O Estado tem que acatar os pedidos de transferência dos presos. Senão, os agentes vão continuar sendo moeda de troca para reivindicação desse tipo de coisa. É inaceitável."
Na última segunda-feira, um grupo de 12 presos da detenção que tinham dívida de drogas com outros detentos tomaram 20 agentes carcerários como reféns para pressionar o Estado a aceitar seus frequentes pedidos de transferência. Queriam fugir dos credores.
O Estado aceitou e os presos foram para penitenciárias de Bauru (interior de São Paulo).
Melo diz que nunca tinha havido rebelião por esse motivo, mas que o primeiro caso ameaça tornar-se exemplo. "Temos informação de que outro grupo de presos, mais numeroso e mais violento que aquele, está planejando fazer o mesmo", diz Melo.
Para evitar denúncias de maus-tratos a presos ou de privação de seus direitos, o sindicato e a associação de funcionários da Coesp (Coordenadoria dos Estabelecimentos Penitenciários do Estado de São Paulo) enviaram convites a entidades para que atuem como observadores.
Uma dessas entidades é a pastoral carcerária. Armando Tambelli, 39, um dos coordenadores da pastoral, diz estar "receoso" sobre a paralisação.
A Folha ligou para o diretor da Casa de Detenção, Walter Erwin Hoffgeng, na sexta-feira, mas ele não retornou os telefonemas.

Texto Anterior: Detenção de SP vive ameaça de greve na 2ª; Folha debate na terça Plano Diretor de SP
Próximo Texto: Folha debate Plano Diretor de São Paulo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.