São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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Redução de pulmão ajuda a tratar enfisema

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma cirurgia que reduz o volume do pulmão, iniciada recentemente no Brasil, vem trazendo esperanças para doentes que sofrem de enfisema. O procedimento chega acompanhado de uma segunda novidade: o emprego do vídeo na realização desse tipo de cirurgia.
O enfisema é provocado pela destruição dos alvéolos, em cujas paredes se processam as trocas de gases. Os pulmões aumentam de tamanho, pressionando a caixa torácica e impedindo sua função de "fole". Inchado, o órgão não consegue liberar o ar que recebe e o doente se sente sufocado.
O corte de parte do órgão diminui a pressão sobre o músculo diafragma e o paciente volta a respirar melhor. Cerca de 90% dos doentes são vítimas do cigarro. Na doença avançada, o transplante era a única saída, mas 50% dos doentes morriam nos três anos seguintes.
A cirurgia segue o mesmo princípio da redução do volume de corações inchados, técnica iniciada pelo médico Randas Batista, três anos atrás.
No caso do pulmão, a prática já vinha sendo tentada desde meados da década de 50, nos EUA. "Mas o índice de complicações e de mortalidade era muito alto", diz Luiz Carlos Losso, chefe da equipe que fez a primeira videocirurgia de redução do pulmão no ano passado e pós-graduando em nível de doutorado em técnica operatória da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo.
Com os novos medicamentos e materiais e o aperfeiçoamento de técnicas cirúrgicas, a operação voltou a ser feita nos EUA em 1994. Desde então, cerca de 500 pacientes foram operados.
No Brasil, Losso estima que 50 cirurgias já foram feitas, 10 delas por meio da videocirurgia. "A cirurgia de redução é fantástica; com a videocirurgia é mais fantástica ainda", diz Losso.
A técnica será tema do 4º Simpósio Internacional de Cirurgia Torácica Vídeo Assistida que acontece em maio, em São Paulo, e que é presidido pelo próprio Losso.
O primeiro paciente operado por vídeo no Brasil foi o aposentado Ikushiro Nakamura, que voltou a fazer caminhadas e a subir escadas (leia texto ao lado).
A maioria das cirurgias de redução do pulmão ainda é feita pela forma tradicional, a externotomia, que é a abertura do tórax.
A videocirurgia foi iniciada nos EUA e no Brasil em 1991. Para a redução do pulmão são feitos três orifícios no peito do paciente. Por um deles, com cerca de 2 cm de diâmetro, é introduzida uma microcâmera. Pelos dois outros orifícios -com 1 cm de diâmetro- passam as pinças, bisturis e uma micromáquina para costurar o pulmão cortado. O cirurgião opera olhando para o monitor.

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