São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 1997
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Oposição ao liberalismo define 'projeto rebelde'

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Na reunião do Chile, consolidou-se o que Mangabeira Unger define como "um projeto rebelde", naturalmente de oposição às políticas ditas neoliberais, hoje hegemônicas no mundo, a ponto de se tê-las batizado com a designação de "pensamento único".
O documento-base que serviu para o debate é produto de três reuniões anteriores de algumas das mais importantes lideranças de esquerda e centro-esquerda de Brasil, Chile, Argentina e México.
Há, ainda, divergências, mas tanto Lula como Tarso Genro, os dois "presidenciáveis" do PT, saíram da reunião afirmando que se trata de um bom ponto de partida.
Tarso acha que o texto (publicado na íntegra no caderno Mais! de 4 de maio e resumido na edição de ontem) tem como "idéia chave a impugnação política da integração subordinada".
Decodificando o "sociologuês", quer dizer que as esquerdas latino-americanas não aceitam que seus países entrem na globalização de uma forma dependente.
Nem aceitam, sempre segundo Tarso, que "o Estado tenha atingido o limite das políticas de distribuição de renda".
Lula, por sua vez, afirma: "Nem queremos o Estado velho, que não funcionava, nem o Estado mínimo, que também não funciona".
O líder do PT rejeitou também uma outra dicotomia: "De um lado, o neoliberalismo nos pressiona para sermos tão modernos quanto eles. Do outro, há a pressão dos saudosistas do socialismo fracassado nestes últimos anos".
O apoio ao texto-base, embora com divergências pontuais, não significa, entretanto, que ele esteja pronto e acabado.
A tarefa, agora, conta Mangabeira Unger, é fazer reuniões em um grupo menor para elaborar um manifesto que sintetize as propostas, além de discuti-las em cada país, para adaptação às realidades locais.
"Coisa nova"
O trabalho deve ficar pronto em dois meses, no máximo, para passar-se à etapa da sua maior divulgação nos meios de comunicação, inclusive no mundo desenvolvido.
"É preciso deixar claro que há uma coisa nova no debate internacional", acha o professor de Harvard, co-autor do texto, junto com o sociólogo mexicano Jorge Castañeda.
A "coisa nova" seria demonstrar, com o "projeto rebelde", que os eleitores latino-americanos não têm de optar apenas entre o neoliberalismo e o que Ciro Gomes chama de "vingança populista".
(CR)

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