São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 1997 |
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Xavantes mostram altivez no parque da Independência
NELSON DE SÁ
Enquanto os 27 índios se pintavam para o segundo ato, com traços negros sobre a pele já pintada de vermelho, em torno da fogueira e sobre a terra batida do palco, ele dizia, orgulhoso: "Por que os brancos não respeitam o povo tradicional? Vocês dizem que gostam da terra... Não é verdade. Mal sabem quem são. É por isso que estou aqui". Os mais de mil espectadores que lotaram sexta-feira as arquibancadas montadas ao ar livre, para a Temporada de Outono do Sesc, não entenderam o discurso, mas entenderam a altivez dos xavantes (só contatados há 50 anos e, até hoje, refratários às aproximações) nas 15 cenas de canto, dança e representação. São cerimônias reduzidas, da "furação de orelha", em que "os padrinhos carregam tronco simbolizando a passagem dos meninos para a vida adulta", à "caçada com fogo", com arcos e flechas e uma dança enérgica em círculo, e diversas outras. Os cantos e marcações rítmicas com os pés e chocalhos ecoavam mantras, prendendo por estranheza e fascínio a atenção do público, até das crianças. "Eu vim a São Paulo junto com meus filhos para que vocês possam ver a beleza dos cantos", seguiu Sereburã. "Todos são expressão da criação... Que essa apresentação verdadeira fortaleça o espírito criador contra o avanço do lado obscuro." Junto ao público paulistano, fortaleceu. A recepção agradou tanto que os xavantes voltaram para um bis. Texto Anterior: Índios querem verba para 'Hans Staden' Próximo Texto: Ruffles 97 leva 'só' 32 mil ao Ibirapuera Índice |
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