São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Curtas representam o Brasil em festival francês
ESTHER HAMBURGER
O peso numérico significativo da participação nacional reflete o interesse do festival pela produção brasileira e contrasta com a fragilidade das TVs públicas locais. Nos últimos dez anos o Brasil tem contribuído com cerca 5% da programação de cada INPUT, um festival que se distingue por sua ênfase cultural e não mercadológica. Em número de programas exibidos, o país só é superado por gigantes da área como Inglaterra, França, Alemanha e Canadá. O videomaker carioca Sérgio Goldemberg é membro do "board" do festival. Há articulações para a realização do INPUT do ano 2000 no Brasil. A equipe do canal GNT vai ao INPUT em busca de documentários para comprar. Mas essa presença do Brasil no festival tem pouco a ver com a atuação das TVs públicas. Não é de se estranhar que entre os 4 programas selecionados para o festival nenhum tenha sido produzido por ou para a TV. São curtas-metragens de produção independente. "A Alma do Negócio", de José Roberto Torero, por exemplo, é uma sátira mordaz e genial de comerciais de TV. Sintetiza a irreverência pouco acadêmica que distingue muito da nossa produção de vídeo. Alia humor, ceticismo e rapidez com um certo senso jornalístico de oportunidade. Dura poucos minutos, ganhou vários prêmios e mereceria ser exibido repetidamente na TV. Mas não foi. A timidez da intervenção das emissoras públicas reflete a inépcia que vem tomando conta do setor. O estado de falência lenta mas contínua da TV Cultura só é superado pela situação de paralisia decrépita que ameaça sobreviver na TVE. A TV Cultura já demonstrou que é capaz de competir no horário nobre. Não é possível que se conforme em definhar à sombra da falta de verbas do estado. A TVE investiu um ano de gestão de Paulo Ribeiro na elaboração de um projeto de fôlego, divulgado aqui há algumas semanas. No entanto, esbarrou com a resistência infinita das burocracias estatais. Trocou de presidente e não se sabe qual o destino da prometida alteração de seu estatuto de TV estatal para TV de interesse público, independente e ágil. É inconcebível que um país televisivo como o Brasil não consiga criar soluções para suas TVs públicas. Enquanto isso não acontece, permanece a presença difusa, mas intrigante do Brasil no INPUT. E-mail ehamb@uol.com.br Texto Anterior: Teco Cardoso faz CD solo Próximo Texto: Cinema de ator Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |