São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 1997
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Geografia e história se juntam no Cabo

SILVIO CIOFFI
DO ENVIADO ESPECIAL À ÁFRICA DO SUL

A geografia encontra a história na Cidade do Cabo como em poucos lugares do mundo.
Também chamada Cape Town, em inglês, ou Kaapstaad, em africâner, essa cidade plantada a 80 km ao norte do Cabo da Boa Esperança foi fundada em 1652 pelo pioneiro holandês Van Riebeeck.
Emoldurada pela célebre montanha da Mesa ("Table mountain"), elevação de 1.088 metros que os navegantes imaginavam ter o topo plano até que o português Antonio de Saldanha a escalou, em 1503, a "cidade-mãe" da África do Sul é cercada por montanhas que se estendem até o Cabo da Boa Esperança, área de 7,8 mil hectares que é parque nacional desde 1939.
Em 1579, o navegador britânico "sir" Francis Drake esteve na região e anotou em seu diário que havia encontrado "a coisa mais imponente e o mais belo cabo que se viu em toda a circunferência da Terra". Não exagerou.
Na base da montanha, numa área de 560 hectares, ficam o Jardim Botânico e os Jardins da Companhia das Índias, com entrada pela rua Adderley.
Entre as atrações importantes estão o Museu de História Natural e seu planetário, o Museu Judeu e sua sinagoga, além da catedral anglicana de São Jorge, que foi diocese do arcebispo Desmond Tutu.
O centro velho não fica longe da rua Adderley, e, em torno da rua Long, lojas de objetos e brinquedos antigos funcionam em casas de estilo vitoriano e georgiano.
Nos arredores está o Castelo da Boa Esperança, de 1627, a mais velha construção do país. Ele hospeda os museus militar e marítimo.
Também aos pés da montanha da Mesa fica o hotel Mount Nelson, que celebra seu centenário no ano que vem. Propriedade do grupo Orient-Express/Sea Containers, que no Rio possui o Copacabana Palace, o Mount Nelson tem acomodações de época e restaurante à beira da piscina de perder o fôlego. Reservas podem ser feitas pelo tel. local (021) 23-1000.
Restaurar é a ordem
Candidata a sede dos Jogos Olímpicos de 2004, a Cidade do Cabo restaura agora seu centro velho, depois de ter implantado na área do porto, a partir de 1990, um complexo de diversão, com restaurantes, museus, o aquário Two Oceans, barcos para fretar e diversas lojas conhecidas, como a Victoria & Alfred Waterfront.
Alguns hotéis, como o Victoria & Alfred, de quatro estrelas, estão instalados em seus prédios.
A área de shopping center abre de segunda a sábado, das 9h às 21h, e aos domingos, das 10h às 21h. Abriga lojas de artesanato, joalherias, bancos, livrarias e 30 restaurantes (refeições com vinho para dois não custam mais de US$ 50).
Há de tudo, desde comida italiana até portuguesa, grega, belga, local, mexicana. Locais abertos vendem ostras, frutos do mar e sanduíches. Experimente o Hildebrand (com acento napolitano), o Green Dolphin (para ouvir jazz) ou o Arlindo's (português que serve excelente arroz de mariscos).
Mas, além de um centro de lazer e turismo, o Waterfront é também exemplo de intervenção urbana que restaurou um dos locais históricos mais importantes da cidade e da África do Sul.
Barcos de todas as bandeiras ainda aportam em seus píeres, fazendo do Waterfront um local de troca e um ponto de encontro.
Veleiros de madeira hoje são museus flutuantes e podem ser visitados -o Victoria talvez seja o mais belo e sua miniatura pode ser adquirida na loja Maritime Antiques, no nº 100 do Alfred Mall, embaixo do hotel Victoria & Alfred.
Cartazes na área externa mostram fotos antigas do tempo em que funcionava nas docas uma próspera indústria naval. Outras mostram a ilha Robben, onde Nelson Mandela foi preso político, passeio de cerca de duas horas.
Por preços que variam de US$ 2 a US$ 30 por pessoa, é possível fazer um passeio de barco numa das duas dezenas de firmas que alugam desde vapores antigos até veleiros que navegam ao pôr-do-sol.
Os prédios do início do século, que abrigam grande parte dos negócios da área, estão impecáveis.
A Torre do Relógio, construção octogonal de 1882, é um dos marcos arquitetônicos que, restaurado, conta a história do porto.
Ainda na área do Waterfront, é possível contratar um passeio de helicóptero na Court. Um vôo de meia hora para quatro pessoas custa desde US$ 80 por pessoa.
Os menos afortunados podem pegar o ônibus de dois andares sem capota na frente do centro de informações do Waterfront. Passeios de duas horas custam menos de US$ 7.

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