São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aeroporto estoca 18 t de urânio ao ar livre

DA SUCURSAL DO RIO

Uma "falha de comunicação", segundo a CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), provocou a estocagem de 369 caixas de aço contendo urânio enriquecido para reator nuclear no Aeroporto Internacional do Rio, parte delas desde o dia 26 de abril.
A direção da CNEN informou que o material não oferece riscos para a população. Pesando ao todo 18 toneladas, as caixas chegaram da Inglaterra em duas datas: 26 de abril e 3 de maio.
As 185 caixas desembarcadas no último dia 3 só foram vistoriadas em 7 de maio.
Importado pela estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil), o urânio já deveria ter sido transportado para Resende (RJ), para alimentar a usina nuclear de Angra 1, mas continuava até ontem estocado ao ar livre no terminal de cargas do aeroporto, na Ilha do Governador (zona norte).
As caixas deverão ser transportadas até sexta. O gerente da Coordenação de Rejeitos Radioativos da CNEN, Paulo Heilbron, disse que as caixas podem ficar ao ar livre e que não é necessária a vistoria no dia da chegada.
Mudança de procedimento
Segundo o gerente da CNEN, o problema na demora da liberação começou quando a INB não avisou a tempo que as caixas viriam para o Brasil de avião.
A previsão era que o material radioativo fosse transportado de navio. A INB teria decidido mudar o procedimento, para agilizar a viagem, devido a riscos de blecaute na região Sudeste.
Heilbron afirmou que o processo de liberação para o transporte por caminhão, para Resende, foi retardado porque a CNEN precisaria antes aprovar um sistema especial de transporte por caminhão, "com medidas adicionais de segurança".
Isto porque parte das caixas é fabricada pela INB e não recebeu ainda o certificado de aprovação técnica da CNEN. Segundo ele, isto não é irregular nem existe risco de contaminação radioativa.
Heilbron disse que, sem o certificado, as caixas precisam ser transportadas em menor número, em cada caminhão. Além disso, um supervisor de radioproteção da INB tem de acompanhar todo o transporte da carga.
O diretor de Segurança da INB, Alexandre Oliveira, afirmou que "não houve tempo hábil" para avisar a CNEN da chegada da segunda remessa, em 3 de maio, por uma falha da empresa inglesa BNFL (British Nuclear Fuel).
Por temer problemas burocráticos, a INB teria enviado um fax pedindo o retardo, por uma semana, do embarque da carga.
Mas, devido às eleições para primeiro-ministro no Reino Unido, a BNFL não teria tido tempo de adiar a data.

Texto Anterior: Tarifa de ônibus sobe para R$ 1 no ABCD
Próximo Texto: Gapa pede ajuda para não fechar
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.