São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997
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Acaba rebelião de 42 horas

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRAIA GRANDE

Terminou às 19h30 de ontem, após 42 horas, três mortos e 17 feridos, a rebelião dos presos da Cadeia Pública da Vila Tupy, em Praia Grande (litoral paulista).
Os detentos retornaram às celas meia hora depois da transferência de dez presos para o presídio semi-aberto da cidade vizinha de Mongaguá.
A remoção dos presos com direito a regime semi-aberto era a condição imposta pelos rebelados para o fim do motim.
O acordo entre presos e a direção da cadeia previa ainda a transferência de outros dez para presídios de regime fechado.
Destes, quatro foram transferidos anteontem para a Penitenciária do Estado e o Presídio de Parelheiros, ambos em São Paulo.
Os demais deverão ser removidos até o final da semana para os presídios de Avaré, Itapetininga e Tremembé, todos no interior do Estado.
Após as transferências, ficaram 262 detentos na cadeia, que tem capacidade para 80.
Antes de retornarem às celas, os amotinados entregaram à polícia 25 presos do "seguro" (celas dos jurados de morte) mantidos sob ameaça durante a rebelião.
Os ameaçados de morte foram trancados provisoriamente em uma mesma cela até que seja reparado o compartimento do "seguro", destruído pelos demais presos.
Depois da volta dos presos às celas, um grupo de 17 policiais militares entrou no pátio da cadeia para fazer a segurança dos carcereiros que colocaram novos cadeados nas grades e fizeram uma revista.
Um preso chamado Pita, um dos líderes da rebelião, acusou a polícia de ser responsável por uma das três mortes ocorridas durante o movimento e pelos ferimentos a bala em outros presos. Ele disse que Paulo Sérgio Freitas Marques, doente de Aids, recebeu um tiro na cabeça. "Nos outros dois casos, foi um linchamento conjunto".
Os presos mostraram pedaços de projéteis e balas de borracha que, segundo eles, foram disparados por policiais.
O diretor da cadeia, delegado Carlos Topfer Schneider, negou que policiais tenham atirado contra os presos.

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