São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997
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Água causou mortes em clínica no RJ

DA SUCURSAL DO RIO

Relatório da CPI sobre o caso da Clínica Santa Genoveva, no Rio, apontou que o uso de fonte de água contaminada e as más condições de higiene causaram o surto de diarréia que debilitou e matou 102 pacientes, em dois meses de 96.
A CPI vai encaminhar pedido à Receita Federal e ao Ministério Público Federal para que investiguem as contas dos sócios Mansur José Mansur, Maria Teresa Spínola e Eduardo Spínola por suspeita de enriquecimento ilícito e sonegação de impostos.
A presidente da CPI, deputada estadual Lucia Souto (PPS), disse que essa relação com as mortes é importante, pois os sócios se defendem na Justiça afirmando que a água poluída era fornecida pela Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos).
Análises feitas na clínica pela Cedae e pelo Laboratório Noel Nutels mostraram que, mesmo que a água fornecida estivesse sem coliformes fecais, ficaria contaminada devido às más condições de higiene das cisternas e bebedouros.
O relator da CPI, deputado Rubens Tavares (PFL), disse estranhar o patrimônio levantado dos sócios, já que os três juntos declaravam uma retirada mensal da clínica de R$ 4,4 mil por mês.
"Só o Mansur tem 231 imóveis em nome dele, acumulando um patrimônio que chega a quase R$ 80 milhões. Ele veio há dez anos de Bom Jesus do Itabapoana (RJ) e morava em um quarto-e-sala em Ipanema (zona sul do Rio)", afirmou Tavares.
Lucia Souto afirmou que havia o "uso indiscriminado" de medicamentos para dopar os pacientes. Para ela, os remédios eram usados para suprir a falta de funcionários no atendimento aos pacientes.
O advogado dos sócios da clínica, Clovis Sahione, disse que só vai se pronunciar sobre o relatório da CPI quando o tiver em mãos. "Com o texto do relatório, responderei item por item."
Após estudar o caso da Clínica Santa Genoveva, que para eles é exemplo do que ocorre no sistema de atendimento do país, os deputados decidiram propor projeto de lei para criar no Rio a Nota Fiscal de Serviços de Saúde.
Com a nota, a ser fornecida após o atendimento de saúde, espera-se um controle maior das efetivas internações e retiradas de medicamentos. As notas fiscais dificultariam também a sonegação fiscal.
Para que as resoluções da CPI tenham força de lei -para que a Receita Federal, por exemplo, seja obrigada a investigar os sócios da clínica-, o relatório precisa ainda ser aprovado em plenário.
Tavares disse que houve muita pressão de deputados para que o relatório da CPI fosse "para o lixo". Os integrantes da CPI lutarão para que o relatório seja aprovado ainda esta semana.

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