São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997
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Qualidade de livros melhora de 96 para 97

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A qualidade dos livros didáticos inscritos pelas editoras melhorou de 96 para 97.
Neste ano, dos 511 inscritos, 133 ficaram de fora (26%). Ou seja, houve uma redução no índice de reprovados de 44,7%.
O motivo principal da queda do número de reprovados foi correções feitas pelas editoras a partir dos erros apontados pelos avaliadores no ano passado.
Para corrigir erros apontados no ano passado sem gastar muito, as editoras usaram alguns artifícios.
Nelio Bizzo, professor da USP e coordenador da equipe de ciências, citou o caso de um livro que havia sido reprovado no ano passado porque uma de suas ilustrações trazia um garoto dividindo uma maçã com um cachorro.
"Para poupar os custos de fazer novo desenho, a editora simplesmente recortou do fotolito a imagem do cachorro, deixando um buraco no lugar", conta Bizzo.
Nem sempre os truques dão resultado. O livro "Viva Vida: Ciências, 3ª série", da Editora FTD, não havia sido reprovado em 96, mas os avaliadores chamaram atenção para a artificialidade da ilustração da página 66, que trazia pessoas dançando em um baile para mostrar que a falta de oxigênio podia levar à morte por asfixia.
Em 97, a editora substituiu o trecho e escreveu: "50 presos foram forçados a ocupar uma pequena cela onde o ar não era renovado. Resultado: 18 deles morreram após algumas horas".
Não foi mencionado que esse fato é verídico (aconteceu em fevereiro de 89 em São Paulo) e que constitui crime contra os direitos humanos. Por isso, a comissão decidiu reprovar o livro.
Os coordenadores das comissões que avaliaram os livros em 96 e neste ano afirmam que quase não há mais livros desatualizados ou com preconceito racial explícito.

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