São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997
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68% dos programas brasileiros são "piratas", mostra pesquisa

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

A informação foi dada ontem, em Belo Horizonte, pela BSA (sigla em inglês da Alianças para Negócios de Software, os programas de computador).
São números de uma pesquisa que a BSA encomendou à consultoria Price Waterhouse e cobriu 15 países latino-americanos.
Na média, a pirataria ficou exatamente no patamar brasileiro, ou seja, 68%, embora haja picos de 92%, como em El Salvador.
Em países desenvolvidos, outra pesquisa da BSA mostrou cifras menos graves, como os 27% dos Estados Unidos, mas igualmente elevadas no Canadá (42%), França (44%) e Itália (55%).
Consequência da pirataria na América Latina, de acordo com o levantamento da Price Waterhouse: só em 1996, a atividade econômica teria conhecido um aumento correspondente a US$ 1,351 bilhão se a pirataria se reduzisse em 15%.
Haveria mais 21,5 mil empregos diretos, outros 29,5 mil empregos indiretos e os cofres do governo engordariam em US$ 300 milhões.
Por que a BSA sugere 15% como porcentagem de redução da pirataria? "Porque não é irrealista, já que, de 96 para 95, houve uma queda de 8% na pirataria", responde Gregory Wrenn, representante da Adobe Systems.
Wrenn saudou a legislação brasileira, aprovada na Câmara e pendente de votação no Senado, que considera crime fiscal a pirataria. Diz que, na Itália, esse instrumento foi essencial para que a pirataria se reduzisse em cerca de 30%.
Perdas até 2000 Olhando a mais longo prazo, os representantes da BSA apontam benefícios ainda mais suculentos com a redução da pirataria.
Se ela se mantiver nos padrões atuais, a atividade econômica total gerada pelos setores que utilizam softwares chegará a US$ 16,826 bilhões. Mas, se houver a redução nos níveis sugeridos, pulará para US$ 21,326 bilhões.
Os empregos a serem criados pelo setor teriam um acréscimo de 41.124 pessoas. E os governos recolheriam US$ 1 bilhão a mais.
É claro que a entrevista coletiva em que os números foram anunciados compõe a pressão dos produtores, com apoio do governo norte-americano, para que os acordos comerciais na região incluam maior proteção à propriedade intelectual.
Mas os representantes da BSA dizem que é equivocado supor que o controle da pirataria beneficiará apenas os produtores norte-americanos. Por isso mencionam os dados sobre emprego e arrecadação na América Latina.
(CR)

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