São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 1997
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O PFL confirma tudo

JANIO DE FREITAS

No ato de expulsão dos seus filiados Ronivon Santiago e João Maia, o PFL encampou e subscreveu as revelações dos dois deputados sobre as compras, vendedores e compradores (inclusive Sérgio Motta) de votos para aprovar o projeto da reeleição. Se não reconhecesse as gravações como autênticas e as afirmações dos deputados como verdadeiras, a cúpula do PFL não os teria expulsado, o que fez com convicção bastante até para os excluir sumariamente, sem dar direito nem a esboço de defesa.
A cúpula pefelista não tem elementos para sustentar que Santiago e Maia foram verdadeiros ao falar de si e não o foram ao citar outros corruptos e corruptores. Em situação idêntica à dos dirigentes pefelistas estão todos, a começar de Fernando Henrique, que consideram "muito graves" as transcrições publicadas pela Folha e propõem "punições rigorosas".
A contradição, nesse caso, é uma armadilha da qual os governistas não têm saída. Suas providências de defesa urgente voltam-se, portanto, contra eles, tal como aconteceu com a rápida decisão do PFL. A providência mais importante de ontem seria o cerco para forçar Sérgio Motta, refugiado no silêncio, a fazer algum comentário público sobre a gravação, também divulgada pelo jornalista Fernando Rodrigues, que o incrimina na compra de votos pró-reeleição. O cerco venceu, mas o resultado foi patético, e não só pelo espetáculo televisivo do homem nervoso, precisado de goles sucessivos de água, incapaz de encontrar, já nem se tratava de argumentos, mas ao menos a própria voz.
Embora dissesse que "não há nenhum fato concreto" nas afirmações gravadas dos deputados Santiago e Maia, Motta considerava que "os fatos", de existência por ele negada, "devem sofrer rigorosíssima apuração". Propôs "as providências mais duras", "inclusive a cassação", para os confessos e os apontados como vendidos, mas as gravações que expõem uns e outros contêm apenas "conversa evasiva, superficial".
A comissão que averigua, na Câmara, as possíveis medidas formais decorrentes das gravações já está autorizada a contratar um perito, para examinar as fitas. Ninguém seria mais recomendável do que o perito Badan Palhares, que resolve tudo direitinho e com rapidez, como aconteceu no assassinato de PC Farias. E como quer Sérgio Motta, com a autoridade de pessoa que jamais traiu sua fama.

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