São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 1997
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Rússia e Otan anunciam acordo de parceria

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Rússia e a Otan (aliança militar ocidental liderada pelos EUA) anunciaram um acordo de parceria, aprovado ontem em Moscou pelo chanceler russo, Ievguêni Primakov, e o secretário-geral da Otan, Javier Solana.
Foi o fim de meses de duras negociações e deve ser aprovado agora pelos governos russo e dos 16 países-membros da Otan.
O ponto central do documento é a criação de um conselho permanente conjunto Otan-Rússia.
Baseado em Bruxelas (sede da Otan), o conselho vai se reunir duas vezes por ano representado pelos ministros de Defesa e Relações Exteriores, e uma vez por mês representado pelos embaixadores.
O documento tem cinco capítulos. No primeiro, os dois lados se comprometem a trabalhar pelas boas relações mútuas.
O capítulo dois trata de princípios de cooperação e reafirma o direito de cada Estado escolher seus próprios esquemas de segurança.
O capítulo três fala da criação do conselho conjunto, e o quarto relaciona áreas de possível colaboração futura, como missões de paz.
O capítulo cinco, sobre as consequências militares da planejada expansão da Otan, com a adesão de países do Leste Europeu, foi o mais difícil de negociar.
A Otan reafirmou o compromisso de não instalar armas nucleares ou enviar tropas para os territórios dos novos membros, mas não renunciou ao direito de fazê-lo.
A Rússia queria uma garantia por escrito de que não haveria armas nucleares ou tropas da Otan no Leste Europeu.
O impasse nessa questão ameaçava a assinatura de um acordo de fortalecimento nas relações entre a Otan e a Rússia, a ser assinado em Paris no dia 27 deste mês.
Falando ontem à TV russa, o presidente Boris Ieltsin disse que é contra a expansão da Otan, mas terá de encarar "essa realidade ... e reduzir os riscos para a Rússia".
Repercussão
O presidente norte-americano Bill Clinton chamou o acordo de "um passo histórico no sentido de uma Europa pacífica, não dividida e democrática".
Alemanha, Reino Unido, Espanha e Itália também receberam o acordo com satisfação. "A Rússia deve estar totalmente envolvida na nova arquitetura de segurança da Europa", disse o ministro alemão das Relações Exteriores, Klaus Kinkel.
Polônia, Hungria, Romênia e Estônia, países do Leste Europeu e candidatos a integrar a Otan, se declararam satisfeitos com o acordo, mas se mostraram cuidadosos.
O presidente da Estônia, Lennart Meri, disse que a Rússia continua a ser o "império do mal" (como dizia o ex-presidente Ronald Reagan) porque resistiu à expansão da aliança militar ocidental.

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