São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997 |
Próximo Texto |
Índice
Não há pressa para Alca, afirma FHC
CLÓVIS ROSSI
"Não devemos ter pressa para avançar. A Alca que nós queremos não deve constituir uma vitória de curto prazo daqueles que buscam negócios imediatos", disse FHC. É uma alusão praticamente explícita aos Estados Unidos, que querem iniciar já em 1998 a negociação para a derrubada de barreiras comerciais entre os 34 países que comporão a Alca (todos os das Américas, menos Cuba). O presidente deixou igualmente claro que o governo brasileiro quer um tempo para permitir que sua estrutura econômica esteja preparada, ao dizer que a Alca "depende de que todos nós estejamos preparados para dar esse imenso salto qualitativo nas nossas relações hemisféricas". FHC fez também cerrada defesa do Mercosul, o bloco entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Definiu-o claramente como "uma prioridade da nossa política externa e comercial". E emendou: "A ele não renunciamos, nem pensamos que seja útil, para nós e para a própria Alca, que essa poderosa alavanca do comércio intra-regional se dilua mais tarde em uma área de livre comércio das Américas". Aí também há uma alusão velada aos EUA, que nunca escondeu a intenção de construir a Alca pela absorção de cada país ao Nafta (o bloco EUA/Canadá/México), o que dissolveria todos os demais acordos regionais, Mercosul inclusive. FHC introduziu novo elemento na sua argumentação para pedir tempo para a negociar a Alca. Citou todas as reformas que seu governo está fazendo ou tentando fazer, das privatizações à estabilização, para acrescentar: "É preciso amadurecer e consolidar essa verdadeira revolução antes de que nos lancemos a compromissos que só poderemos cumprir se tivermos as condições objetivas, a força e o poder para cumpri-los". Próximos passos O 4º encontro ministerial começa, para efeitos de negociação, apenas hoje, com a tarefa de tentar desatar os nós que os vice-ministros não conseguiram eliminar no texto da declaração final. Mesmo que os ministros limpem o texto, o fato básico é que quase nada se avançou até agora no ponto central das divergências entre EUA e Mercosul: os norte-americanos querem iniciar, em 98, negociações para derrubar as barreiras ao comércio de bens e serviços. O Mercosul quer deixar tais negociações para 2003. A próxima reunião ministerial será em fevereiro de 98, na Costa Rica, um mês antes da cúpula da Alca, marcada para o Chile. Antes, haverá mais três reuniões de vice-ministros, no mínimo. LEIA MAIS sobre a reunião da Alca nas págs. 2-5 a 2-7 Próximo Texto: Regra desigual; Repassando custos; Baiana em alta; Balança pesada; Vira-vira; Bala impressionista; Candidato oficial; Buscando o varejo; Expansão latina; Captação externa; Com auto-suficiência; Ao gosto do freguês; Ampliação no Sul; No topo Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |