São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997
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Não só no futebol

EDUARDO OHATA

Toda a imprensa esportiva brasileira -e parcela da internacional- está concentrando suas atenções no escândalo do futebol que tenta associar Ivens Mendes, ex-presidente da Conaf (Confederação Nacional de Arbitragem do Futebol), a um suposto esquema para manipular resultados.
No boxe, abundam as histórias -folclóricas, em muitos casos- sobre esse tipo de irregularidade. Casos de lutas "arrumadas", juízes e jurados parciais e suborno são tão antigos quanto o esporte.
Freddie Welsh, campeão dos leves entre 1914 e 1916, nunca lutava se não tivesse seu próprio juiz, Billy Roche, arbitrando seus combates.
Em certa oportunidade, perguntaram a Roche qual seria sua reação caso Welsh fosse nocauteado. "Eu contaria até seis", explicou. "E fingiria estar sofrendo um ataque cardíaco, assim o título permaneceria com Welsh."
Em fevereiro de 1993, o peso-pesado Ray Mercer foi acusado de oferecer suborno a Jesse Ferguson -em plena luta- para que este "amolecesse" o combate. Caso vencesse Ferguson, Mercer garantiria uma luta pelo Mundial.
Além de perder, Mercer foi a julgamento, denunciado pelo oponente. Em meados do ano seguinte, Mercer foi considerado inocente pelo júri. Observação de um dos jurados sobre o teipe da luta, apresentado como a principal prova pela acusação: "Já é difícil entender o que esses lutadores falam ao vivo, imagine via teipe".
Jake LaMotta, Abe Attell, e Joe Gans, entretanto, não tiveram a mesma honestidade demonstrada por Ferguson.
Eles engrossam a lista de campeões que -forçados pela máfia, ou em troca de dinheiro e favores- permitiram que adversários os vencessem.
Como no futebol, as especulações e histórias sobre desonestidade são tão inerentes ao boxe como os próprios lutadores.

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