São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mulher aplica punição sexual a traidor

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O que é pior: passar a lua-de-mel inteira sem receber nem um beijinho, descobrir que sua ex-namorada está com seu melhor amigo, ou que aquela menina que perdeu a virgindade com você prefere agora alguém do mesmo sexo?
Tudo é horrível? Pois nenhum homem está livre disso. Basta trair mulheres como a produtora de teatro Vilma Fleury, 45. Ela descobriu há 25 anos, nas vésperas de seu casamento, que o noivo a havia traído na despedida de solteiro.
"Quis cancelar o casamento, mas turma do 'deixa disso', inclusive gente da minha família, me impediu", lembra.
Vilma acabou casando com o rapaz e está com ele até hoje, mas na lua-de-mel não aconteceu nada. "Eu nem sequer dirigi a palavra a ele", conta ela.
Só depois de alguns meses Vilma reconheceu que a "traição" não era assim tão grave. "Engraçado um casamento começar daquele jeito, como os outros costumam acabar", diz. (leia depoimento)
Greve de sexo era pouco para punir o ex-namorado traidor da comerciante Paola Ocuno, 25. "Transei com o melhor amigo dele", ela conta, sem arrependimentos. "O efeito foi devastador."
O flagra
Paola conta que estava desconfiada do namorado e resolveu segui-lo de carro.
"Peguei-o no flagra com a outra. Esperei que eles parassem no semáforo para emparelhar."
Quando o namorado a viu, ficou "roxo". "E eu não dei refresco", ela lembra. "Perguntei se ele não ia descer do carro para me dizer o que estava acontecendo."
Tudo que ele dissesse não adiantaria nada. "Namorávamos fazia um ano, e eu achei aquilo o fim da picada", conta. "Estava disposta a fazê-lo pagar caro."
Ela não imaginou preço mais alto do que submetê-lo à dupla traição, por parte das duas pessoas que ele mais gostava.
"Comecei a namorar o melhor amigo dele logo depois", lembra. "Ele ficou tão arrasado que passou um tempão pedindo perdão."
Não adiantou nada. "Estou com um terceiro rapaz, da mesma turma, que me respeita muito."
Em turma, tudo se comenta. Na da desenhista Luciana Mello, 32, os comentários quase derrubaram a fama de bom de cama do primeiro namorado dela.
"Perdi a virgindade com ele, aos 18 anos, e permiti todas as traições, porque todo mundo o queria, e até tinha, mas namorar, só comigo", conta. "Eu era a primeira-dama."
Luciana conta que o rapaz, bem mais velho do que ela (28), nunca escondeu que a traía.
"O respeito, ali, era 'zero': toda semana alguém vinha me contar alguma coisa", lembra.
"Eu fingia que não acreditava, porque para mim era mais importante estar com o homem desejado do que com o fiel."
No fim, Luciana ainda foi dispensada. "Ele arrumou outra que deu um ultimato do tipo 'ou eu, ou ela"', diz. "Ele ficou com ela."
A vida de Luciana deu uma guinada. "Na verdade, embora estivesse com ódio, eu não planejei nenhuma vingança. Aconteceu."
Punição involuntária
Entre os amigos que a vieram consolar, no ano inteiro em que ela passou deprimida, estava uma amiga por quem Luciana acabou se apaixonando. "Nunca gostei de mulheres, acho que foi carência."
O fato é que a menina era prima da melhor amiga da irmã do "ex" de Luciana, e a notícia se espalhou rapidamente. "Ele me ligou para perguntar se era verdade, mas eu neguei, claro."
A "punição involuntária" atingiu em cheio os brios do rapaz. "Soube depois que a fama de bom de cama dele ficou bem abalada", conta."Já não estava muito interessada no assunto, mas não pude deixar de achar divertido."
Para não comer o prato frio, como Luciana, a estudante Adriana Dolores Boffolo, 19, aceitou o pedido de perdão do namorado traidor e chegou a voltar com ele.
"Não queria deixar a coisa esfriar", diz. "Em momento algum pensei seriamente em voltar, mas precisava ganhar tempo."
Namorar alguém, mesmo que fosse amigo do ex, depois de terminar o namoro, não tinha a menor graça para Adriana.
"Aceitei voltar justamente para que ele pensasse que estava tudo bem", lembra. "No auge da tranquilidade, comecei com outro."
O detalhe é que o outro, para completar, morava em frente ao oficial e era amigo dele. "Virou trauma, coitado. Só recentemente ele desencanou."

Texto Anterior: Psicóloga ainda carrega camisinhas
Próximo Texto: DEPOIMENTO
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.