São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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Veja a evolução do vôlei na quadra

1960 - Escola soviética
. A "escola soviética" centra seu jogo na força física e potência de ataque. Enquanto outras seleções adotam o sistema 3+3 (três defensores e três atacantes) ou 4+2 (quatro atacantes e dois defensores), essas equipes adotam sistema 5+1 (cinco atacantes). Em 64, o vôlei faz sua estréia em Jogos Olímpicos, em Tóquio. Soviéticos, ficam em primeiro, seguidos dos tchecos. A surpresa é o anfitrião Japão, em terceiro
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Mesmo dentro do sistema 5x1, as equipes adotam algumas variações, como o levantador receber o saque e ir ao ataque quando está na entrada de rede. O papel de levantador é cumprido por um atacante

Enquanto isso, na Ásia
Aproveitam-se da irregularidade das bolas para usar o saque por baixo dificultando a recepção adversária, pois a regra obriga o uso do "toque". Inventam a "manchete".
No Brasil
Os juízes brasileiros interpretam mal a regra da manchete. Equivocadamente proíbem a recepção com toque

1972 - Robotização
. Início da robotização do vôlei. O Japão é campeão olímpico usando jogadas milimetradas, treinadas à exaustão. Eles quebram o bloqueio europeu com fintas, bolas chutadas e bolas de tempo. Demonstram que a rapidez pode vencer a força
Em 1976
A Polônia apresenta o atacante Tomasz Wojtowicz, que ataca do fundo de quadra, antes da linha dos 3 m. A equipe conquista o ouro olímpico frente a União Soviética
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Os japoneses introduzem o 5x1 definitivo, com um levantador fixo. A Polônia copia este esquema e introduz um jogador atacando da defesa quando o levantador está na rede

Enquanto isso, em Cuba
A seleção aproveita da ajuda econômica soviética para viajar e manter intercâmbio com as potências. O estilo de jogo cubano segue o exemplo da força e vigor físico
No Brasil
Começa a criação da "escola brasileira", que será um mescla do vôlei asiático e o praticado no leste europeu. Paulo "Russo" Sevciur forma a equipe que chegaria ao quinto posto em Moscou-80

1984 - Especialização
. O técnico dos EUA, Doug Beal, introduz definitivamente a especialização. Aldis Berzis e Karch Kiraly são efetivados como passadores da equipe. Beal aplica conceitos extraídos da NBA, do futebol americano e do beisebol para que os jogadores consigam maior memorização do esquema tático. Usa estatísticas e recursos da informática e imagem
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A especialização permite que, com dois jogadores responsáveis pela recepção, os demais fiquem em condições de atacar. O próprio passador se transforma em opção de ataque

Enquanto isso, no Brasil
Comandados por Bebeto de Freitas, os brasileiros são vice-campeões mundiais em 1982. A equipe consegue conquistar a medalha de prata em 1984, perdendo apenas para os norte-americanos
Na Ásia
A decadência da escola é evidenciada. Os atletas são bons em fundamentos, mas só pensam em defender para manter a bola em jogo e não para propiciar o contra-ataque

1992 - Ataque total
. O Brasil consegue por em prática o conceito de "ataque total" que é uma evolução do sistema da especialização. José Roberto Guimarães arma a equipe com dois pontas, Giovane e Tande, e um fora-de-série, Marcelo Negrão, improvisado no meio. O sistema é guarnecido por uma melhora na defensa e no bloqueio
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Os jogadores continuam a cumprir papéis específicos, com a vantagem de serem versáteis -podem atacar em várias posições

Enquanto isso, na Itália
Julio Velasco, que assume o comando da equipe em 1989, forma uma seleção com Cantagalli, Zorzi e Bracci. A equipe é apontada como a mais forte do mundo. Mas nas quartas-de-final dos Jogos é eliminada pela Holanda
Nos EUA
A geração de ouro fica envelhecida. Os jogadores trocam a seleção permanente pelo vôlei de praia. Karch Kiraly também debanda

1996 - Força e habilidade
. A altura e força têm de ser aliadas à habilidade. A Itália, favorita, perde o título da Liga Mundial e os Jogos Olímpicos para a Holanda. Curvam-se diante do levantador Blangé, 2,05 m, e dos atacantes Zwerver, 2,07 m, e Basvan de Goor, 2,09 m.
A partir de 1997, indefinição quanto ao poderio das seleções. Holanda e Itália,
ficam sem seus titulares da Olimpíada
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A Holanda usa as características individuais de seus jogadores. Van de Goor e Van de Meuler, atacantes de fundo têm maior liberdade para atacar

Enquanto isso, no Brasil
O Brasil fica estagnado, enquanto as outras seleções evoluem. Consegue apenas o sétimo lugar nos Jogos de Atlanta
Na Itália
O brasileiro Bebeto de Freitas é indicado para substituir Julio Velasco, que conquistou cinco Ligas Mundiais e um Mundial, mas fracassou nas duas tentativas de chegar ao ouro olímpico

A evolução das regras
1912 - Adoção do rodízio de jogadores no saque
1917 - Altura da rede sobe para 2,43 m -antes ficava a 2,13 m do solo-, quadra de 18,30 m por 9,15 m. Set disputado de 15 pontos
1918 - Limite de seis jogadores por equipe. No Japão, até hoje se joga o mamasaki, com 9 jogadores
1922 - Limite de três toques na bola
1938 - Passa a ser permitido o bloqueio duplo
1941 - A bola continua em jogo se bater numa região do corpo acima do joelho
1962 - Adoção da manchete como fundamento do jogo
1964 - Permissão para que o bloqueio "invada" a quadra adversária. Ao jogador que bloqueia é permitido dar um segundo toque na bola
1976 - É adotada a antena, o que encurta a rede de 9,20 m para 9 m de extensão. Após os Jogos de Montreal, o toque de bloqueio não conta mais para o limite de três toques
1984 - O bloqueio do saque passa a ser proibido
1988 - Adoção do tiebreak (quinto set em que não há vantagens, ou seja, cada disputa de bola resulta em ponto). Permissão para que a bola seja defendida com qualquer parte do corpo
1994 - O jogador pode tocar voluntariamente a bola com qualquer parte do corpo, inclusive pernas e pés
1996 - Introdução do líbero, jogador especialista em defesa, que não pode sacar, atacar ou bloquear

Os ídolos mundiais
EUA - Entre 84 e 88
Charles "Karch" Kiraly, 1,98 m, um dos mais completos jogadores do vôlei. Cumpria bem as funções de passe, bloqueio e ataque. Depois de abandonar a seleção, foi para o vôlei de praia, onde conquista a medalha de ouro em Atlanta-96. Continua atividade

União Soviética/Rússia - Entre 76 e 82
Aleksandr Savin, 2,01 m, atacante cuja principal característica era a precisão e potência de ataque, aliada a uma enorme impulsão

Holanda
Bas Van de Goor, 2,09 m, o protótipo do jogador ideal para o final da década de 90. Tem a sua disposição força, precisão e habilidade

Brasil
Marcelo Negrão, 1,98 m, o maior atacante brasileiro da década. Aos 17 anos já era titular da seleção. Em 91 foi eleito melhor do mundo. No ano seguinte, conquistou a medalha de ouro. Está presente na Liga Mundial

Itália
Andrea Giani, 1,96 m, dono de um ataque com precisão superior a 80%, considerado o melhor jogador dos anos 90. Hoje defende o Modena, da Itália

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