São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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Antecedentes

JUCA KFOURI

Para entender o escândalo da CBF é preciso saber como começou, em 1989, a atual gestão na entidade.
Então, caído do céu de pára-quedas, Ricardo Teixeira, o genro do presidente da Fifa, fez-se presidente.
Tinha acabado de se desfazer da Minas Investimento, em troca apenas do pagamento das dívidas da casa.
Na base de assumido aliciamento dos presidentes de federações estaduais -chegou a levar 16 deles e suas acompanhantes para a Copa do México, em 86-, ganhou a eleição.
Nomeou seu tio Marco Antônio para tomar conta das finanças da entidade e Eurico Miranda para dirigir o futebol -e foi à luta.
Já na Copa da Itália, em 90, viu seu nome envolvido numa denúncia da mais importante revista de futebol do mundo, a italiana "Guerin Sportivo", que o acusou de ter cobrado US$ 400 mil para concentrar a seleção brasileira em Gubbio, linda cidade da Umbria, antes da Copa.
Pouco antes, os jogadores daquela mesma seleção denunciaram que não receberam o direito de arena correto para usar o patrocínio da Pepsi-Cola nos uniformes.
E a Traffic virou agência exclusiva (?!) da CBF.
De lá para cá, com maior ou menor intensidade, os escândalos se sucederam, desde a embriagada agressão a jornalistas na noite da festa do tetra, ainda em San Francisco, até o famoso vôo de volta, também conhecido como o "vôo da muamba".
Daí não ser surpresa alguma o escândalo mais recente.
Até o sempre elegante Armando Nogueira uma vez reagiu indignado ao ver o presidente da CBF dizer que "como sou rico, o problema de o Brasil não se classificar para a Copa é de vocês, jornalistas, não meu".
"Sou rico, uma ova", reagiu Nogueira. "Fiquei rico!"
O fato é que, para um entidade sem fins lucrativos e de utilidade pública, a CBF é uma casa onde o telhado de vidro não permite a passagem da luz.
A tal ponto que o contrato de US$ 400 milhões assinado com a Nike permanece envolto em mistério e só se sabe que a empresa assumiu, de fato, o comando da programação (e da convocação?) da seleção.
*
"É preciso acabar com essa embromação. Chefe é o responsável direto pelos atos dos subordinados -especialmente atos de larga envergadura."(Luís Nassif, nesta Folha, 5/5/1997)

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