São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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POR UMA POLÍTICA SADIA

O escândalo da compra de votos para a emenda da reeleição é apenas mais um sintoma dos vícios políticos que eivam o país e que poderiam ser, se não coibidos, ao menos dificultados com a adoção de algumas medidas relativamente simples.
Em primeiro lugar, o fim do voto obrigatório parece ser um imperativo. Essa prática tem dado ensejo ao clientelismo político e, se já teve um papel cívico no passado, hoje está superada. Se só forem às urnas as pessoas realmente interessadas em eleger o seu representante, seria criado um fator para a melhoria do nível da representação no Congresso.
Outra medida relevante seria a adoção do sistema de voto distrital misto, o que aproximaria o eleitor de seu representante, facilitando a cobrança por seus atos como parlamentar.
Um terceiro ponto importante é a questão da representação na Câmara. A existência de pisos e tetos de deputados por Estado torna os cidadãos desiguais e permite que parlamentares sejam eleitos com um número relativamente baixo de votos, o que, no limite, compromete a própria qualidade da representação.
O peso relativo de um eleitor de Roraima, por exemplo, acaba sendo muito superior ao de um eleitor de São Paulo. Se deve prevalecer a idéia, em tese aceitável, de fortalecer o princípio federativo, basta lembrar que já existe o Senado Federal, no qual cada Estado da União tem igual número de representantes, independentemente de sua população.
Da mesma forma, a adoção de mecanismos que estabeleçam alguma forma de fidelidade partidária dificultaria o mercadejo de convicções que avilta a política nacional.
Corrupção e atos moralmente condenáveis praticados por políticos não são exclusividade nacional. Ocorrem em qualquer lugar do mundo. Existem, contudo, maneiras de dificultar essas atividades. Infelizmente, o país não vem dando a devida atenção a esse ponto tão crucial.

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