São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Apitaço marca chegada ao DF

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os deputados e senadores que chegaram ontem a Brasília foram recepcionados com um apitaço que durou sete horas, e várias faixas contendo críticas ao governo e à compra de votos na votação da reeleição.
A manifestação, promovida pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e com apoio de sindicatos, reuniu 50 manifestantes no aeroporto de Brasília.
"Queremos a suspensão das votações das reformas e a criação da CPI para investigar a compra de votos", disse o coordenador da manifestação, Fernando Pires.
O protesto seguiu o estilo irônico das últimas manifestações da oposição. Foram cantadas músicas para ironizar o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro Sérgio Motta (Comunicações).
Até um leilão foi realizado pelos manifestantes. Eles "leiloaram" os parlamentares acusados de vender seus votos por R$ 200 mil em apoio à reeleição.
O deputado Vicente Cascione (PTB-SP), que assinou a lista a favor da CPI, irritou-se e chegou a perguntar para a funcionária pública Ednalda Nóbrega Bezerra da Silva quanto ela pagaria pelo seu voto.
"Quem quer comprar 150 deputados pelo preço de uma bala?", gritavam os sindicalistas.
"Passa, Serjão. Passa a propina por de baixo da cortina", cantavam. Ou: "reforma só agrária, fora canalhas", afirmavam. Dezenas de deputados e senadores foram abordados com essa recepção.
Até o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Sydney Sanches foi recepcionado com o protesto. Só que ele e os deputados de partidos de oposição foram aplaudidos.
Bem-humorado, Sanches apoiou o protesto. "O apitaço é muito bom, porque desabafa", disse o ministro.
Parlamentares da oposição e do PPB, partido do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf, também gostaram da manifestação.
"Isso aumenta o desgaste para o governo", disse Arnaldo Faria de Sá (PPB-SP).
"A manifestação é uma frente de luta importantíssima", afirmou o deputado Luciano Zica (PT-SP).
Os governistas não encararam o ato com bom humor. "Isso enche o saco. É tudo provocado pela CUT", afirmou o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
Com menos paciência reagiu o deputado José Lourenço (PFL-BA). "Se me chamarem de ladrão, eu tiro o cinturão", gritou para os manifestantes.

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