São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Presidente do STF questiona imunidade

Para Pertence, fórmula atual pode ser repensada

BETINA BERNARDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Sepúlveda Pertence, disse ontem ter "dúvidas" sobre a manutenção da imunidade processual do parlamentar na maneira como ela se apresenta atualmente.
Pertence, que amanhã transmite o cargo para o ministro Celso de Mello, afirmou que talvez fosse o caso de repensar a licença prévia para que um deputado seja processado. Atualmente, o Congresso precisa autorizar o Judiciário a fazer isso.
"A sociedade tolera cada vez menos que fatos alheios à atividade política fiquem longos anos encobertos por uma impossibilidade de processo", afirmou.
"Isso começa a ser interpretado como um privilégio e é mau para a própria subsistência das garantias necessárias ao exercício livre do Poder Legislativo."
Pertence afirmou que poderia haver uma inversão dessa fórmula. O parlamentar poderia ser processado sem necessidade de o STF pedir a autorização do Congresso, que poderia, em compensação, sustar o processo.
"Acho que deve se manter no Congresso essa arma para que, se o processo estiver tomando conotações políticas, ameaçando a independência do Legislativo, o Congresso possa ter sempre o poder de sustá-lo", disse.
O presidente do STF diz que a fórmula atual é fruto de um período em que se acreditava que o Judiciário pudesse ser utilizado para perseguição política. Ele falou sobre o assunto enquanto fazia um balanço dos dois anos de sua gestão à frente do STF.
"Creio ter cumprido o dever de defesa da independência do tribunal e de todo o Judiciário sem nenhum propósito de criar polêmicas inúteis, de agressão, mas, ao contrário, compreendendo como reações humanas certas críticas e até certas impropriedades proferidas no calor do jogo político", disse.

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