São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Guerra fiscal suspende crédito ao Paraná

ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Senado suspendeu a análise de empréstimos internacionais para o Paraná até que o governador Jaime Lerner (PDT) apresente explicações sobre as vantagens concedidas à montadora francesa Renault para se instalar no Estado.
A medida foi aprovada ontem em votação simbólica na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado e paralisa um total de US$ 486 milhões obtidos pelo Paraná junto a organismos internacionais.
Os senadores alegam que, para analisar esses empréstimos, é necessário antes conhecer a capacidade de pagamento do Estado depois de concedido um empréstimo à Renault.
O governo estadual vem se recusando a fornecer maiores informações sobre o empréstimo, alegando que os dados estão protegidos por sigilo bancário.
As informações disponíveis sobre os empréstimos constam de notas explicativas do último balanço da Renault, que se refere a um empréstimo obtido no Fundo de Desenvolvimento Econômico do Paraná em março de 96.
O balanço da Renault informa que o empréstimo não prevê juros nem correção monetária e que seu pagamento só começará dentro de dez anos, em junho de 2006.
O governo do Estado do Paraná forneceu apenas uma informação sobre o empréstimo, segundo a qual há um comprometimento mínimo de R$ 51 milhões e máximo de R$ 300 milhões.
A suspensão dos financiamentos internacionais ao Paraná foi liderada por dois senadores que fazem oposição a Lerner: Osmar Dias e Roberto Requião, ambos do PMDB-PR.
Mas a decisão teve apoio dos demais senadores presentes à reunião da CAE. "Cansei de fazer gestões para que o governo do Paraná se explicasse", disse o senador Gilberto Miranda (PFL-AM), que presidiu a CAE até dezembro de 96.
A pedido de Miranda, os senadores também aprovaram ontem uma determinação para que o Banco Central refaça o parecer técnico sobre os empréstimos internacionais solicitados pelo Paraná.
"O Banco Central usou dados do balanço do Estado de 95, mas estamos interessados em conhecer a atual capacidade de pagamento", disse Dias.
Segundo ele, em 95 o Estado gastava apenas 72% da arrecadação com a folha de pagamento. De lá para cá, argumenta, a situação se deteriorou e esse percentual atingiu 92,33% no mês passado.
Outro lado
Jaime Lerner recusou-se ontem a comentar a decisão do Senado. Segundo a assessoria de imprensa do governador, Lerner não se pronunciaria sobre o assunto.
A Renault disse, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que nenhum diretor da empresa poderia comentar o assunto ontem.

Colaboraram a Reportagem Local e a Agência Folha, em Curitiba

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