São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Pedida a quebra de sigilo de Mendes

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

A Procuradoria da República no Rio pediu a quebra do sigilo bancário e telefônico de Ivens Mendes, ex-presidente da Conaf (Comissão Nacional de Arbitragem).
O Ministério Público quer ter acesso à lista de telefonemas dados por Mendes desde janeiro e à movimentação de suas contas bancárias, em todo o país, nos últimos cinco anos.
O pedido foi feito pela procuradora Maria Emília Araújo, 39.
O juiz Alexandre Libonati, da 13ª Vara de Justiça Federal do Rio, decidirá hoje sobre a quebra de sigilo. Libonati, 28, analisaria ontem à noite os documentos entregues pela Procuradoria.
Crimes
Gravações mostradas pela TV Globo revelaram supostos acertos do ex-chefe da arbitragem para receber dinheiro do presidente do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia, e do presidente do Corinthians, Alberto Dualib.
A Procuradoria investiga inicialmente possível crime de sonegação fiscal, com Mendes não declarando todos os seus rendimentos.
Outra possibilidade é de fraude contra a Caixa Econômica Federal, promotora de loterias, com a manipulação de resultados de partidas de futebol.
Se a Justiça aprovar a quebra de sigilo, os extratos bancários de Mendes serão enviados à Receita Federal, que também examinaria as declarações de pessoas e empresas que depositaram ou receberam dinheiro do ex-dirigente.
A Procuradoria da República pediu à Justiça a apreensão das fitas com as gravações clandestinas de conversas de Ivens Mendes recebidas pela Globo e seu envio para perícia e transcrição pela Unicamp.
Um dos objetivos é confirmar a identidade dos participantes de eventuais "armações".
A Unicamp foi indicada porque a Polícia Federal no Rio não tem equipamento para fazer o trabalho.
Justiça Eleitoral
Ivens Mendes também pode ter frustrado o plano de se candidatar a deputado federal pelo Estado de Minas Gerais.
A procuradora da República Anaiva Cordovil enviou documentos e reportagens sobre o caso ao procurador eleitoral de Minas Gerais.
O ex-presidente da Conaf disse que recolhia contribuições, inclusive de dirigentes de clubes, para a sua campanha.
Na semana passada, a Folha mostrou que Mendes financiava obras na região do Triângulo Mineiro, inclusive a construção de quatro campos de futebol, além de promover o comparecimento de prefeitos a jogos da seleção.

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