São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
"Toque de recolher" esvazia a Câmara
LUCAS FIGUEIREDO; LUIZA DAMÉ
A tática começou a ser usada ontem. Para não passar a imagem de que a Câmara está em "recesso branco", foram colocados em votação temas de pouca importância. Na pauta de ontem estava a ratificação de dois acordos internacionais do Brasil com o Paraguai e a África do Sul. Ambos não foram votados por falta de quórum. O que for importante -as reformas, por exemplo-, o governo só quer votar com certeza de vitória. A estratégia é não correr riscos, não sofrer derrotas enquanto a CPI não for sepultada. A estratégia deve ser radicalizada na próxima semana, quando o governo vai aproveitar o feriado de Corpus Christi, na quinta, para esvaziar o Congresso. A operação foi apelidada de "toque de recolher". "Na semana que vem, vou estar com tuiuiús, dourados, pintados e pacus em um merecido descanso no Pantanal", disse o líder do PMDB na Casa, Geddel Lima (BA), referindo-se aos animais da região. Os líderes do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), e do PSDB, Aécio Neves (MG), estarão em Brasília. O quarto-secretário da Câmara, Efrain Morais (PFL-PB), disse que nas próximas terça e quarta haverá sessão deliberativa, ou seja, desconto de salário para os faltosos. No entanto, o próprio presidente da Casa, Michel Temer, viaja na terça para Madri (Espanha), onde participa da 8ª Conferência de Presidentes de Parlamentos Democráticos Ibero-americanos. O petista Marcelo Deda (SE), escalado com outros quatro deputados para fazer parte da comitiva, não irá. A oposição está convocando os deputados para, na próxima semana, comparecerem à Câmara e continuarem pressionando o governo pela abertura de uma CPI. Para não caracterizar o "toque de recolher", Temer suspendeu a viagem de dez deputados a Paris, na próxima semana, para acompanhar as eleições na França, com despesas pagas pela Casa. José Aníbal (PSDB-SP), Aloysio Nunes Ferreira (PMDB-SP) e Jorge Tadeu Mudalen (PPB-SP) irão à França, mas pagarão os gastos. Inocêncio Oliveira disse que a votação da reforma administrativa deve ser concluída até 4 de junho. "Nos dias 3 e 4 teremos um esforço concentrado para aprovar os últimos pontos da reforma." (LUCAS FIGUEIREDO e LUIZA DAMÉ) Texto Anterior: MULTIMÍDIA Próximo Texto: Iris faz festa com uso da máquina pública Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |