São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 1997
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CMN freia compra externa com cartão

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo proibiu as administradoras de cartão de crédito a parcelar os gastos com a aquisição de bens e serviços feitos a partir de hoje no exterior por seus clientes.
A medida foi anunciada ontem pelo diretor de Normas do Banco Central, Alkimar Moura, depois de reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional).
As compras no exterior feitas pela Internet, reembolso postal ou catálogo a partir de hoje também não poderão ser parceladas no cartão de crédito. O pagamento terá de ser à vista, no vencimento da fatura.
Passagens fora
As passagens aéreas e os pacotes turísticos para o exterior estão livres dessa restrição, segundo o chefe do Denor (Departamento de Normas do BC), Sérgio Darcy.
"Estamos restringindo o parcelamento em cartão de crédito somente de compras efetuadas fora do país", disse Moura.
Essa foi a quinta medida voltada para o controle do déficit das contas externas desde março último.
O déficit externo chegou a US$ 10,722 bilhões no período de janeiro a abril deste ano, com crescimento de 106,94% se comparado com o mesmo período do ano passado -US$ 5,181 bilhões.
Esse déficit é medido pelo critério chamado de transações correntes, que incluem as contas da balança comercial (exportações e importações), balança de serviços (viagens internacionais, seguros, lucros, juros e outros) e as transferências unilaterais de dinheiro entre países. Os déficits em transações correntes são cobertos por investimentos especulativos ou de longo prazo em fábricas etc.
O déficit com viagens internacionais tem contribuído para piorar as contas externas do país: pulou de US$ 877 milhões de janeiro a abril de 1996 para US$ 1,237 bilhão em igual período deste ano.
O governo estava estudando desde março restrições a compras no exterior por meio de cartão de crédito, conforme adiantou a Folha, como uma forma de reduzir o déficit em transações correntes.
Moura disse ontem que a medida deve provocar resultados positivos nas contas externas brasileiras.
Cartões
Para Andrés Espinosa, presidente da Visa do Brasil, ainda é difícil avaliar o impacto da medida. "O governo está querendo conter o consumo externo no momento, mas isso não deve durar muito. Também não acreditamos que tome a mesma decisão em relação ao crédito no mercado interno."
Segundo a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), em agosto do ano passado existiam 9,5 milhões de cartões de crédito internacionais no país. A movimentação era de US$ 279,4 milhões por mês no exterior.
Colaboraram Vivaldo de Sousa, da Sucursal de Brasília, e a Reportagem Local

LEIA MAIS sobre as medidas do CMN na pág. 2-4

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