São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997 |
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Motta agora diz que 'só fala como ministro'
IGOR GIELOW
Essa foi a resposta de Motta às perguntas acerca do escândalo da suposta compra de votos pela reeleição e sobre sua posição como "porta-voz informal" do presidente da República. Motta não quis comentar o convite que teria sido feito ao pefelista Luís Eduardo Magalhães para assumir a coordenação política do governo federal. Tampouco falou sobre o papel do ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos), ou do ministro da Justiça Iris Rezende (PMDB-GO), candidato a coordenador do governo junto ao Congresso. "Não falo de política interna no exterior. Sou ministro das Comunicações e não coordenador político, graças a Deus", disse o ministro após um encontro ontem com o ministro português João Cravinho (Equipamento, Planeamento e Administração do Território). A afirmação não condiz com comportamentos anteriores de Motta. Em Londres, no ano passado, o ministro fez diversas considerações sobre o quadro eleitoral em São Paulo após um seminário sobre privatização. O ministro manteve o bom humor ao tratar sobre o assunto compra de votos. No avião a caminho de Lisboa, na noite de anteontem, Sérgio Motta disse à Folha que ia "seguir o conselho do Fernando" e não falar de assuntos internos. "Isso não me preocupa", afirmou, enquanto segurava a Folha de anteontem aberta na página 1-6 -cujo título principal era "Comissão pedirá investigação de Motta". O ministro, que é citado pelo ex-deputado João Maia (sem partido-AC) como um dos intermediadores de um esquema para comprar votos pró-reeleição por R$ 200 mil nas fitas reveladas pela Folha, chegou a Lisboa às 11h05 de ontem (7h05 em Brasília). Ele veio participar de assinaturas de acordos na área de telecomunicações com Portugal e tem audiências marcadas com o primeiro-ministro, António Guterrez, na segunda-feira, e com o presidente, Jorge Sampaio, na terça. Articulador O embaixador brasileiro em Portugal, o líder pefelista Jorge Bornhausen, apoiou "Serjão" -como o ministro é conhecido. "Não existe nada contra o ministro. Ele continua sendo um grande articular do PSDB", afirmou. O embaixador, porém, não disse em que área Motta continua articulador. "Pelo que sei, existe ministério para isso". Mas concluiu: "Ele (Motta) é indispensável". Em relação à articulação em torno do nome de Luís Eduardo Magalhães, Bornhausen foi taxativo. "O Antonio Carlos (Magalhães) me ligou ontem (anteontem) e não me disse nada." Quando encerrar sua agenda oficial paga pelo governo português na terça-feira, o ministro vai aproveitar para fazer uma viagem com familiares. Segundo Motta, essa viagem particular estava planejada desde janeiro. Não quis comentar a coincidência de sua volta, no dia 3, com a votação da Lei Geral das Telecomunicações e a abertura dos envelopes da concorrência da banda B. Deve ir para Santiago de Compostela, na Espanha, centro de peregrinações dos devotos de São Tiago e pólo de atração de leitores de Paulo Coelho -"Diário de um Mago" descreve o caminho. LEIA MAIS sobre Motta e telecomunicações à pág. 2-1 Texto Anterior: Bornhausen vê crise superada Próximo Texto: Acre precisa de mais 1 nome para ter CPI Índice |
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