São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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Nada muda para os clientes do Banespa

DA REPORTAGEM LOCAL

O Banespa, o banco do Estado de São Paulo, deixará de ser uma instituição estadual para ser federal em aproximadamente um ano. Mas a federalização do banco não muda nada para os clientes.
É resultado do acordo de renegociação da dívida do Estado, que o governador Mário Covas assinou anteontem com o governo federal. Dos R$ 50,4 bilhões refinanciados pelo governo federal, cerca de R$ 23 bilhões correspondem ao papagaio do Estado junto ao Banespa.
Foi por causa dessa dívida que o banco sofreu a intervenção do BC (Banco Central) em dezembro de 1994, apenas um dia antes da posse de Covas no governo do Estado.
O chamado Raet (Regime de Administração Especial Temporária), feito para durar um ano, já foi prorrogado duas vezes e dura dois anos e meio. Mas, assim que o Senado aprovar os contratos firmados entre os governos estadual e federal, o Raet terminará.
O Banespa será administrado pelo governo federal. Mas só até a contratação de uma empresa especializada que conduzirá o banco à privatização.
Duas consultorias, uma contratada pelo governo paulista e outra, pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), farão a avaliação.
Quando o valor do banco estiver estipulado, o governo federal pagará a São Paulo por 51% das ações do Tesouro estadual.
O governo paulista manterá, ainda, 15% das ações, que poderá vender quando achar necessário. Segundo o secretário da Fazenda do Estado, Yoshiaki Nakano, a expectativa é que o Banespa se valorize com o acerto da dívida.
"Temos todo interesse em que o banco seja bem avaliado e bem vendido. Assim reduziremos uma parcela maior do nosso débito com o governo federal", afirmou.
É que o Banespa também entrou no bolo como parte do pagamento da dívida do Estado "comprada" pelo governo federal.
Segundo Nakano, vários grupos, muitos estrangeiros, têm procurado o governo estadual com interesse em comprar o Banespa.
"Em agosto de 95, chamamos 21 banqueiros e ninguém quis. Depois que o Hong Kong and Shangai Bank comprou o Bamerindus, a realidade do mercado bancário brasileiro é outra", afirmou.

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