São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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Estado quer cobrar mais por água em 98

DA REPORTAGEM LOCAL

O governo do Estado quer sobretaxar o consumo de água em São Paulo a partir de 1998.
A nova taxa depende da aprovação da Assembléia Legislativa. O governador Mário Covas pretende enviar até o final do ano a proposta para os deputados estaduais.
O secretário estadual de Recursos Hídricos, Hugo Marques da Rosa, diz que ainda não foi definido qual será o valor da cobrança.
O governo do Estado dá a seguinte justificativa para a nova taxa: hoje, o usuário pagaria apenas pelo serviço da empresa de saneamento, ou seja, pelo tratamento e distribuição da água.
"O consumidor tem de pagar pelo produto natural, que é escasso. Afinal, é um bem público que acaba tendo uso privado ", diz.
Dessa forma, as propriedades rurais e empresas que retiram a água diretamente de rios e não dependem do serviço da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) passariam a ser obrigadas a pagar.
O consumidor domiciliar teria de pagar duas cobranças: o imposto da Sabesp e a nova taxa. O objetivo é evitar o desperdício.
O consultor em engenharia ambiental Ben Hur Batalha diz não ser contrário à taxa, mas que a tentativa de evitar o desperdício deveria começar pela própria Sabesp.
"A Sabesp perde hoje, em vazamentos, cerca de 22% da água que produz. Com as fraudes e erros de medição, sobe para 44%", diz.
Segundo ele, o governo deveria começar dando o exemplo. "É fácil fazer com que o povo pague pela incompetência governamental", diz Batalha.
Fundos
Segundo o secretário, o dinheiro vai para um fundo administrado pelos 22 comitês de bacias hidrográficas do Estado, órgãos formados por entidades civis, prefeituras e Estado (um terço cada).
Segundo ele, o dinheiro seria empregado, obrigatoriamente, nas próprias bacias, em obras de conservação dos recursos hídricos e na ampliação da capacidade de fornecimento de água.
Rosa diz que as empresas poluidoras também serão obrigadas a pagar a nova taxa. "Quem polui um rio está usando a água para transportar a sujeira."
Depois de aprovado, segundo Rosa, o projeto seria discutido por cada comitê de bacia -são 22 no Estado. A cidade de São Paulo faz parte da Bacia do Alto Tietê, cujo comitê é presidido pelo prefeito Celso Pitta.
Cada comitê teria independência para decidir a aplicação da nova taxa e seu valor.

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