São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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Restrição vale para compra em free shop

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL; DA AGÊNCIA FOLHA

As compras nos free shops feitas com cartão de crédito também devem ser pagas à vista e não podem mais ser parceladas pelas administradoras. Ou seja, estão incluídas nas medidas do CMN (Conselho Monetário Nacional), informou ontem o Banco Central.
Passagens aéreas internacionais e pacotes turísticos estão fora, segundo o chefe do Departamento de Normas do BC, Sérgio Darcy.
Não poderão mais ser parcelados no cartão de crédito os gastos com compras feitas no exterior pela Internet e por catálogo. Os pagamentos devem ser à vista no vencimento do cartão do cliente.
As compras feitas a partir de ontem, quando começou a vigorar a proibição de parcelar os gastos no exterior com cartão de crédito internacional, deverão ser contabilizadas separadamente pela administradora e pagas à vista.
As compras no exterior anteriores ao dia 23 de maio poderão ser parceladas, explicou Darcy.
"Sacoleiros"
A restrição foi adotada pelo governo porque estavam aumentando os gastos com turismo, principalmente com compras feitas por "sacoleiros" que adquirem mercadorias em Nova York e Miami e financiam com cartão.
Para Nélio Weiss, sócio-diretor de consultoria tributária da Coopers & Lybrand, financiamento em cartão de gastos no exterior era mais usado por quem viajava para fazer compras e revender no país, usando a rolagem do cartão como capital de giro.
Weiss diz que os "sacoleiros" continuarão usando o cartão no exterior e que cobrirão a fatura, à vista, com cheque especial. "Os afetados são o consumidor de classe média, que não gosta de rolar dívidas, e quem não tem crédito."
Segundo Waldemar Petty, diretor-geral de cartões de crédito do banco de Boston, apenas 15% da rolagem do faturamento se deve às compras feitas no exterior.
Andrés Espinosa, presidente da Visa do Brasil, acredita que a classe média sofrerá o maior impacto.
Para ele, a medida é preventiva e temporária e, para controlar a saída de capitais, o governo deveria restringir as importações em setores focalizados como, por exemplo, eletroeletrônicos.
Rui Aith, diretor do Real Visa, diz que o impacto da medida é pequeno para os usuários do cartão, que "têm por hábito pagar à vista a fatura de gastos fora do país".
Paraguai
Comerciantes de Ciudad del Este (Paraguai) acham que a decisão do CMN não deverá afetar o comércio na região. A medida, segundo eles, poderá até ajudar a cidade na competição com Miami (EUA) nas vendas para brasileiros.
Segundo o presidente da Câmara de Comércio de Ciudad del Este, Husseim Tayen, o cheque pré-datado em real é hoje mais utilizado pelos "compristas" do que o cartão de crédito.

Colaboraram a Reportagem Local e a Agência Folha

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