São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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Encol tenta acordo para terminar prédios

MAURICIO ESPOSITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O comitê de bancos credores da Encol e a direção da construtora anunciaram ontem uma proposta para que a empresa consiga finalizar os seus 796 edifícios cujas obras estão atrasadas.
A Encol é a maior construtora de imóveis residenciais do país e há dois anos e meio enfrenta uma crise financeira. As dívidas da empresa junto ao mercado somam atualmente R$ 850 milhões.
Desse montante, 38 instituições financeiras são credoras de R$ 530 milhões. O restante é devido em impostos e a debenturistas (detentores de títulos da empresa). A crise financeira da Encol prejudicou 42 mil mutuários.
Entre os principais credores da Encol estão o Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF), Banespa, Itaú e BCN.
Segundo o diretor de crédito do BB, Edson Soares Ferreira, 13 instituições financeiras se comprometeram a participar da operação. As demais instituições serão procuradas nos próximos 60 dias.
Entre os 13 bancos que já se comprometeram a participar da operação, segundo Queiroz, estão o BB, CEF, Itaú, BCN, Banespa, Excel-Econômico, Bradesco e BRB.
A proposta apresentada ontem prevê que os bancos credores passem a financiar o término das obras, repassando para a Encol o valor necessário para finalizar cada empreendimento.
Durante esse período, os mutuários suspenderiam o pagamento das prestações, que seria retomado 30 dias após a entrega das chaves. A partir de então será quitado, pela proposta, apenas o saldo devedor de cada mutuário.
O presidente da Encol, Jorge Washington de Queiroz, estima que serão necessários R$ 1,5 bilhão para que a empresa entregue todos os apartamentos em atraso.
"Os recursos serão alocados por empreendimento, à medida em que os mutuários formem condomínios ou cooperativas e nos procurem", disse o empresário.
Ele não soube informar o montante que os 13 bancos que já aderiram à proposta estariam dispostos a aplicar no término das obras.
O presidente da Encol afirma que desde o início da crise a empresa entrega em média 20 mil metros quadrados construídos por mês, quando o normal seria entre 100 mil e 120 mil metros quadrados.
Após essa proposta para a finalização das obras atrasadas, a Encol irá procurar parceiros estrangeiros para novos lançamentos a partir do próximo ano, disse Queiroz.
Uma solução para a dívida financeira da empresa ainda não foi encontrada. O diretor de crédito do BB, Edson Ferreira, afirmou que vai haver uma repactuação dos débitos, mas que isso será realizado numa etapa posterior.
Em outubro do ano passado a Encol sofreu intervenção não-oficial do BB, que indicou Antonio Alberto Mazali, um funcionário de carreira aposentado do banco, para cuidar das finanças da empresa. No mês seguinte dois diretores da Encol deixaram a construtora.
A Encol foi fundada em 1961 pelo empresário capixaba Pedro Paulo de Souza e já entregou mais de 100 mil unidades entre apartamentos residenciais e salas comerciais.
A empresa foi uma das pioneiras do sistema de autofinanciamento de imóveis para evitar a intermediação bancária.

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