São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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Kabila enfrenta protesto por nomeações

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Centenas de pessoas saíram ontem às ruas de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo (ex-Zaire), em protesto contra o novo governo do país, anunciado na noite anterior.
Gritando slogans contra o novo homem-forte do país, Laurent Kabila, e a favor de Etienne Tshisekedi, veterano líder da oposição política ao ex-ditador Mobutu Sese Seko, os manifestantes exigiam a retirada dos soldados ruandeses da Aliança das Forças Democráticas para a Libertação do Congo (AFDL), que agora governa o país.
O protesto começou em frente à casa de Tshisekedi, no bairro de Limete, e se dirigiu ao centro de Kinshasa, passando pelas embaixadas da França e da Bélgica.
Os manifestantes pretendiam ir até o prédio do Parlamento, mas foram impedidos por soldados, que atiraram para o ar.
O protesto foi uma reação à exclusão de Tshisekedi do governo anunciado anteontem por Kabila. A expectativa era que o líder oposicionista fosse primeiro-ministro, mas o governo anunciado -ainda incompleto- é presidencialista, não tem premiê.
Apenas 4 dos 13 ministros que compõem o gabinete não são da aliança liderada por Kabila. Dois deles -o ministro da Agricultura, Paul Bandoma, e a dos Serviços Públicos, Justine Kasavubu, são antigos aliados de Tshisekedi.
Isso não apaziguou o oposicionista, que reconheceu o "direito" de Kabila ser presidente, mas não o gabinete. "Esse governo não existe para mim," disse.
Reações
A reação mais favorável ao novo governo veio do vice-presidente da África do Sul, Thabo Mbeki. Ele disse que não tentaria persuadir Kabila a incluir Tshisekedi ou a convocar eleições para breve.
Segundo ele, seria injusto pedir que um governo recém-instalado marque eleições imediatamente.
O vizinho Congo disse que está pronto a apoiar os esforços das novas autoridades de Kinshasa em promover a democracia.
Num reconhecimento tácito do novo nome do país, República Democrática do Congo, o governo referiu-se a si mesmo como Congo-Brazaville, o nome usado até 1971, quando os dois países se chamavam Congo.
As Nações Unidas pediram que Kabila acabe com os massacres de saqueadores e convoque eleições.
Nações Unidas
O governo de Kinshasa pediu que a ONU reconheça a mudança de nome do país. Segundo um porta-voz da ONU em Nova York, isso está sendo providenciado.
Será preciso mandar fazer novas placas, documentos oficiais e bandeiras.
A bandeira que Kabila quer é a mesma usada antes de 1971, quando Mobutu adotou o nome Zaire e criou uma nova bandeira.

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