São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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Governo combate divulgação de pesquisas

MARTA AVANCINI
DE PARIS

O Conselho de Pesquisas do governo francês pediu ontem a abertura de investigação para apurar a responsabilidade de quatro jornais pela divulgação irregular de pesquisas eleitorais.
A lei francesa proíbe a divulgação desse tipo de levantamento na semana anterior à eleição.
Os infratores estão sujeitos a multa que pode chegar ao equivalente a US$ 100 mil.
Estão sendo investigados os jornais "Republique des Pyrénées", "Libération", "Le Parisien" e "La Tribune".
O primeiro publicou ontem uma pesquisa divulgada no dia anterior no site do jornal suíço "La Tribune de Genève" na Internet.
O "Libération" foi outro que usou seu site na Internet para divulgar ontem resultados de três levantamentos.
Os outros dois jornais publicaram anteontem dados extraídos de pesquisas eleitorais.
O conselho também pediu a análise sobre o papel dos meios de comunicação em geral, que teriam estimulado os eleitores a consultar as pesquisas na Internet.
A proibição está sendo fortemente criticada pela imprensa francesa, principalmente os jornais. Eles consideram a lei antidemocrática -porque impede o acesso dos eleitores às informações- e inútil.
A ineficácia seria consequência dos novos meios de difusão de informações, como a Internet, que acabam furando o bloqueio imposto pela lei.
A polêmica começou com a atitude do "La Tribune de Genève", que, apesar de ser um jornal suíço, permitiu que os franceses conhecessem o resultado de uma pesquisa por meio de seu site na Internet.
"A lei é arcaica. Não há como impedir a circulação da informação", disse Roman Packe, diretor de estudos políticos do instituto BVA em entrevista divulgada pelo "Libération" na Internet.
A tese dos críticos da proibição é que, com a Internet, as pesquisas acabam sendo divulgadas de qualquer maneira, mas apenas os grupos sociais mais favorecidos têm acesso a elas.
Isso, dizem eles, reforça o caráter antidemocrático da lei, que nega aos mais pobres, que não têm acesso à rede, o direito à informação.
(MA)

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