São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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Os efeitos da crise

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Não procede essa história de que a CPI da Reeleição só vai vingar se houver "um fato novo".
Também não é certo que vá existir uma CPI. O mais prudente hoje é dizer que o resultado dessa crise da venda de votos ainda é uma incógnita.
Apesar disso, há algumas certezas sobre o quadro político atual. São as seguintes:
1) A imagem de FHC está para sempre marcada pelo episódio. O presidente pode reduzir os efeitos, mas sempre restará alguma lembrança. Sem querer fazer um trocadilho, mas já fazendo, o governo fica com um X marcado nas costas.
2) A oposição está dividida e não consegue se acertar a respeito da melhor estratégia a seguir. Sem bandeira há meses, os partidos do contra ficaram tão atônitos quanto o Palácio do Planalto ao ouvir vozes de Ronivon e Maia sendo tocadas nos telejornais.
3) A CPI da Reeleição, se sair, é apenas para junho. Não há condições reais para a oposição conseguir os 257 votos necessários na semana que vem.
4) Programas políticos de TV (como o do PDT, de Brizola, anteontem) e atos públicos serão os únicos fatos relacionados ao escândalo da venda de votos nos próximos dez dias. A mídia dificilmente conseguirá descobrir outros nichos no curto prazo.
5) A aparição de novas fitas depende, basicamente, de uma só pessoa: o "Senhor X". Ele já disse que tem mais gravações. Esta coluna sabe quem teve suas vozes gravadas e o que é dito, mas não pode revelar sob pena de estar quebrando o sigilo da fonte.
Nada impede que o "Senhor X" venha a divulgar mais fitas. Mas essa variável, no momento, é intangível. Se a oposição quiser ficar apenas esperando novas fitas, pode se dar mal. Mas não deixa de ser uma aposta.
*
Pergunta ouvida em Brasília, feita por uma pessoa que ficou próxima a FHC no discurso das "vozes estridentes": "Se o ministro citado pelo Ronivon e pelo João Maia não fosse o Sérgio Motta, onde estaria hoje esse ministro? Aliás, continuaria ministro?"

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