São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Organização prega rebelião em presídios CRISPIM ALVES CRISPIM ALVES; ROGÉRIO PANDA
Em absoluto sigilo, o SAI (Serviços Auxiliares e de Informações) do Ministério Público de São Paulo investiga a existência de um grupo denominado PCC (Primeiro Comando da Capital), uma suposta organização de presos que estaria por trás das rebeliões em cadeias e distritos policiais de São Paulo. A possível existência do grupo veio à tona na semana passada, quando um envelope, com o endereço da Casa de Detenção, no Carandiru (zona norte de SP), foi entregue à CPI do Crime Organizado da Assembléia Legislativa. O envelope trazia um manuscrito apócrifo intitulado "estatuto do PCC" (leia íntegra ao lado). "Aquele que estiver em liberdade, bem estruturado, mas esquecer de contribuir com os irmãos que estão na cadeia será condenado à morte sem perdão", diz trecho. Segundo o "estatuto", o PCC prega "ações organizadas e simultâneas em todos os estabelecimentos penais do Estado, numa guerra sem trégua, sem fronteira, até a vitória final". O manuscrito revela ainda uma ligação com o CV (Comando Vermelho), organização criminosa do Rio de Janeiro. As investigações começaram na última terça. Uma pessoa, cuja identidade não é revelada, já prestou depoimento. "A sindicância é sigilosa. Não vamos revelar o teor dos depoimentos", afirmou o promotor Gabriel César Inellas. "Apesar de não acreditar, não descarto a possibilidade de existir esse tal PCC. Tanto é que determinei a abertura de uma sindicância", disse o juiz Francisco Galvão Bruno, corregedor da Polícia Judiciária. "Não é algo normal", disse, se referindo à profusão de rebeliões. Todos os envolvidos, presos, carcereiros etc., serão ouvidos. "Esse PCC não existe. É uma ficção absoluta", afirmou João Benedicto de Azevedo Marques, secretário da Administração Penitenciária. A Secretaria da Segurança Pública não se manifestou. "Rubinho D", integrante do Comando Vermelho no Rio, disse que o PCC é conhecido pela cúpula do CV. No entanto, ele não confirma se há ligação entre os dois grupos. "Mesmo que tivesse uma ligação, eu não poderia lhe dizer." Colaborou Rogério Panda, da FT Texto Anterior: Reino Unido vai usar barco como cadeia Próximo Texto: Leia a íntegra do estatuto Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |