São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997
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Dançarinas de striptease criam sindicato

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um novo sindicato começou a funcionar, no mês passado, em São Francisco (EUA): o Exotic Dancers' Union, ou Sindicato das Dançarinas Exóticas, surgiu para defender os direitos da mulheres que trabalham em casas noturnas fazendo striptease.
É o primeiro sindicato representando "strippers" fora da Europa (já existe uma entidade semelhante na Holanda) e foi criado após manifestações das funcionárias do clube noturno "Lusty Lady".
"Elas se manifestaram durante meses no ano passado fazendo greve e passeata. Até que, por fim, conseguiram registrar a entidade", disse à Folha Stephany Batey, assessora jurídica do sindicato.
As reivindicações do grupo não são diferentes de qualquer entidade de classe: melhores contratos de trabalho, regulamentação da profissão, criação de um salário mínimo, pagamento de férias.
Algumas metas já foram atingidas, como o salário mínimo. Hoje, em São Francisco, nenhuma boate pode pagar menos que US$ 12 a hora de trabalho de uma "stripper" (mais do que o salário mínimo nos EUA, de US$ 4,50 a hora).
Outra conquista, afirma Stephany, foi o estabelecimento de uma jornada máxima de trabalho de oito horas por dia (ou noite). "Antes, os patrões podiam obrigar as meninas a trabalhar quanto tempo eles quisessem."
Direito à imagem
Mas a reivindicação mais comemorada foi a proibição da "one way window", uma janela em que o cliente pode ver a dançarina sem que a "stripper" o veja.
Segundo Stephany, todas as janelas desse tipo serão retiradas dos locais onde há striptease em São Francisco para evitar que as dançarinas sejam fotografadas ou filmadas, e que os clientes façam uso dessas imagens, vendendo fitas ou fotos com uma edição de imagens de meninas de diferentes boates.
"Isso acontece muito hoje em dia. Muitas dançarinas já reclamaram que se viram em filmes, mas que nunca foram consultadas sobre isso", disse Stephany.
É o caso da "stripper" M., 20, que trabalha há dois anos em uma casa noturna de São Francisco e faz ao menos um striptease por noite. Também serve drinques e conversa com os frequentadores.
"Já trabalhei uma vez em uma dessas 'caixas' em que você faz striptease e seis pessoas assistem do lado de fora, mas você não consegue vê-las. Depois de um tempo, um amigo disse que tinha me visto em um filme pornô. Não vi o filme, mas fiquei irritada", disse M..

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