São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997
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"Os novos são só trocadores de peças"

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Há 26 anos, Baltazar Joaquim de Paula, 55, trocou o emprego em uma empresa de autopeças pelo trabalho de relojoeiro.
Aprender a lidar com relógios era uma forma de, aos sábados, ajudar um amigo do trabalho.
"Eu o ajudava nas horas livres e ia aprendendo como fazer", conta Paula, dono da loja Paula & Paula, do bairro da Bela Vista (região central de São Paulo).
Diz não ter feito nenhum curso -foi aprendendo enquanto ajudava o amigo e sozinho, mexendo com mecanismos de relógios. "Fui muito cabeça-dura", brinca.
Duas das principais qualidades do relojoeiro, segundo ele, são curiosidade e paciência. "Relojoeiro é profissão em extinção. Os novos são só trocadores de peças."
Sua loja é uma das poucas na cidade que consertam relógios antigos, muitos deles do século passado e, principalmente, cucos.
"O mais gostoso é colocar para funcionar uma coisa que está quebrada", afirma. O único funcionário que trabalha em sua loja foi ensinado por ele mesmo.
Paula diz que, em dois ou três anos, é possível aprender. Mas, "para ficar bom", leva oito anos.
Hoje seu rendimento mensal é variável -entre R$ 1.500 e R$ 3.000. "Há dias em que não aparece ninguém com relógio para consertar. Em outros dias, aparece gente até demais."
(LPz)

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