São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997
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Vaga nas 500 Milhas custa US$ 350 mil

FÁBIO SEIXAS
DO ENVIADO A MADISON (EUA)

Participar das 500 Milhas de Indianápolis, uma das provas mais tradicionais do automobilismo, torna-se cada vez mais fácil.
Antes restrita à elite dos pilotos, a prova vem passando por um processo de "sucateamento" desde que deixou o calendário da Indy, há dois anos.
Na legendária pista oval de 2,5 milhas, onde já correram Mario Andretti, Graham Hill e Emerson Fittipaldi, hoje se arrastam nomes sem expressão, desconhecidos do público, como Claude Bourbonnais, Robbie Buhl e Billy Boat.
A IRL, liga criada por Tony George, dono do autódromo de Indianápolis, em torno das 500 Milhas, faz de tudo para angariar novos pilotos.
Essa, inclusive, é a filosofia da IRL. Limitar ao máximo os equipamentos para tornar a categoria mais barata aos participantes.
Como em um mercado, a lei da oferta e da procura é forte. Ao longo da temporada, a "filosofia do preço baixo" prevalece. Uma vez por ano, porém, ela cai por terra.
Em abril, um mês antes das 500 Milhas, as equipes da IRL divulgam pela Internet seus telefones.
A reportagem da Folha ligou para duas equipes, a ABF Motorsports, com sede em Indianápolis, e a Blueprint Racing, de Chicago.
O dono da ABF, Art Boulianne, fixou em US$ 500 mil o preço por um carro para participar das 500 Milhas. A equipe é pequena, não integra o calendário e nunca venceu uma prova.
O preço é excessivamente alto quando comparado ao que se cobra em outras categorias.
Segundo Boulianne, o preço é alto porque toda uma equipe precisa ficar mobilizada, com dedicação exclusiva a um piloto, por todo o mês de maio.
"Não é necessária nenhuma licença especial", disse. "Você só tem que fazer o teste com os outros pilotos estreantes."
Mesmo que alguém se dispusesse a pagar os US$ 500 mil, Boulianne não teria como garantir a participação. A dois meses da prova, ele não tinha o carro nem o motor.
A ABF mantém uma estrutura pequena. O próprio Boulianne atende aos telefonemas na oficina.
A Blueprint é "menos cara", apesar de ter um histórico melhor.
A equipe cobrou US$ 350 mil pela participação nas 500 Milhas.
Seu piloto, o norte-americano Jim Guthrie, venceu a última prova da temporada, as 200 Milhas de Phoenix, e está na oitava colocação do campeonato, com 98 pontos.
Em uma ligação para a equipe, seu proprietário, Ed Rachanski, fez só uma exigência para alugar seu carro para as 500 Milhas: receber o currículo do piloto via fax.
"Só preciso ter uma idéia se você sabe dirigir ou não", afirmou.
A ABF acabou sem inscrever nenhum piloto para as 500 Milhas. A Blueprint terá dois: Guthrie e Sam Schmidt.

NA TV - 500 Milhas de Indianápolis: Bandeirantes, ao vivo, às 13h

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