São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997
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Pediatras testam inibidores de protease

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Após a conferência internacional sobre Aids, em Vancouver, Canadá, em 1996, foi enorme a procura de inibidores de protease para tratamento da Aids, cujo uso foi afinal autorizado para adultos pelo governo. Frustrados ficaram os pediatras, que esperavam autorização também para crianças e adolescentes. Para eles só havia promessa de estudo. A criança não é miniatura de adulto; ela tem a sua fisiologia própria e exige pesquisas especiais.
Na revista "Time" (31.3.97) Christine Gorman critica essa preterição de menores, o que de fato não se compreende em país rico e adiantado como os Estados Unidos. Por outro lado, ela reconhece que muitos progressos já se têm feito.
Basta dizer que há 15 anos as crianças infectadas com o HIV morriam em média em 18 meses e hoje muitas são adolescentes sonhando com o futuro e não contando o tempo que lhes resta, mas planejando a vida que têm pela frente.
Mas a preterição existe e somente em março deste ano foram aprovados os primeiros inibidores de protease para menores, o nelfinavir e o ritonavir.
Mas a aprovação parece ter-se dado em condições precárias, especialmente quanto à dose e sua administração. Os médicos estão organizando grupos particulares para avaliação das drogas, e o resultado desse serviço não pode ser perfeito, é claro.
Por outro lado, as demoras na avaliação podem ser fatais. Muitos pediatras estão seguindo os reiterados conselhos de David Ho, um dos pioneiros no estudo e no tratamento da Aids, e adotando a política de aplicar as drogas no começo e de maneira forte (guardadas as precauções, é claro). Excesso de dose pode matar o paciente, e a deficiência dela pode criar variantes do vírus resistentes e o início muito precoce pode criar resistência não só aos inibidores de protease, mas também a toda a família a que eles pertencem.
Na esperança de extirpar o vírus do corpo, alguns especialistas estão ministrando AZT a toda mulher soropositiva que engravida. Assim, dizem, conseguiram reduzir a 8% a média dos fetos infectados, que sem tratamento representam 25%.
Espera-se que com a combinação de AZT e inibidor de protease, a média possa ser zerada.

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