São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997
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Franceses 'ignoram' eleição decisiva

MARTA AVANCINI
DE PARIS

A votação de hoje na França encerra uma campanha marcada pelo desinteresse do eleitorado, pelo equilíbrio nas pesquisas e pela polarização entre os principais competidores da última eleição presidencial.
A partir dos resultados de hoje e do segundo turno, no próximo domingo, deve ser decidido o futuro da França em relação às medidas econômicas que levarão ou não o país a adotar a moeda única européia, em 1999.
Cerca de 40 milhões de eleitores podem ir às urnas para o primeiro turno da votação que escolhe 577 deputados da Assembléia Nacional. Na prática, apenas 65% desses eleitores -um recorde de abstenção- devem ir até os locais de votação, a julgar por pesquisa divulgada pelo jornal "Libération".
Em 1993, ano das últimas eleições legislativas, a abstenção no primeiro turno foi de 30,9%. Em 1988, o índice foi de 33,9%. O voto não é obrigatório. Nos distritos em que nenhum candidato tiver 50% dos votos haverá segundo turno.
"A campanha não convenceu ninguém. Os eleitores não acreditam que as eleições vão trazer alguma mudança real", diz Stéphane Rozès, diretor de estudos políticos do instituto de pesquisas CSA.
As eleições estavam marcadas para março do ano que vem. O principal argumento de Chirac para antecipar o pleito foi reforçar seu apoio parlamentar aos ajustes visando a adoção da moeda única. Mas o objetivo claro era evitar que os ajustes coincidissem com a campanha eleitoral, o que poderia levá-lo à derrota em 98.
Hoje, os partidos do governo, Reunião pela República e União pela Democracia Francesa (RPR-UDF), têm 464 cadeiras. Socialistas e comunistas têm 70.
Essa diferença parece não se refletir no eleitorado. As pesquisas mostram que esquerda (somados socialistas e comunistas) e direita chegam à eleição quase empatadas (veja quadro à pág. 18).
Essa situação levou a uma polarização entre os principais nomes dos dois lados, por coincidência aqueles que disputaram as eleições presidenciais de 1995: o próprio Chirac e o socialista Lionel Jospin, que fazem uma espécie de "terceiro turno" daquele pleito.

LEIA MAIS às págs. 18 a 20

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