São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997
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Jovens são acusados de morte em NY

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DE NOVA YORK

Dois adolescentes da classe média-alta nos Estados Unidos foram acusados de matar um homem de 44 anos no Central Park.
O assassinato ocorreu na madrugada de sexta. Os suspeitos e a vítima haviam sido vistos juntos no local do crime, bebendo cerveja.
O morto recebeu mais de 50 facadas, tendo sido atingido no rosto, nas costas, no pescoço, nos braços, no estômago e depois jogado no lago do parque.
Os adolescentes, identificados como Christopher Vasquez e Daphne Abdela, têm 15 anos.
Vasquez estuda na Beekman, uma das mais tradicionais escolas particulares de Nova York.
Abdela é filha de um executivo da CPC International, uma das principais indústrias do gênero alimentício dos Estados Unidos.
Ela mora num prédio luxuoso da rua 72, em frente ao edifício Dakota, onde foi assassinado o cantor John Lennon, num apartamento avaliado em US$ 2 milhões.
A polícia descobriu o corpo devido a um telefonema anônimo dado por Abdela. Sem se identificar, ela dissera que um de seus amigos pulara no lago, mas não havia retornado à superfície.
Como em Nova York as ligações para a polícia são rastreadas, quando o corpo foi encontrado, Abdela foi chamada a depor. Em seu depoimento, acusou Vasquez.
Além do assassinato, os adolescentes teriam roubado dinheiro e queimado documentos do morto.
Segundo Abdela, eles conheceram a vítima num programa de reabilitação para drogados.
A polícia suspeita que ela e Vasquez estariam namorando, e o motivo do crime pode ter sido alguma tentativa da vítima de se aproximar de Abdela.
O nome do morto só seria divulgado depois que a polícia conseguisse localizar sua família.
Ontem à tarde, Vasquez, que, ao contrário de Abdela, não tinha passagem anterior pela polícia, foi levado a uma clínica para fazer exames psiquiátricos. Segundo vizinhos e familiares, era uma pessoa pacata e religiosa.
O prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, considerou o crime " bárbaro e horripilante".
Ele afirmou, porém, se tratar de um caso isolado. "Eram três pessoas que se conheciam, o crime poderia ter sido em qualquer lugar. O Central Park é seguro. Em 1996, não houve um crime lá."
Howard Safir, chefe da polícia nova-iorquina, adotou o mesmo discurso de Giuliani.
"Foi algo imprevisível, um ato de loucura e crueldade. Eles praticamente arrancaram a garganta da vítima", declarou Safir.
"Não estaria exagerando se dissesse que foi um dos piores crimes que já vi." O último assassinato cometido no parque havia sido o de uma brasileira, em 1995.

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