São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AACD procura emprego para deficientes

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

A AACD (Associação de Assistência à Criança Defeituosa) está iniciando um programa de colocação de deficientes no mercado de trabalho que pode beneficiar até 2.500 pessoas por ano.
O número é ambicioso, mas depende da adesão de empresas dispostas a abrir vagas para adolescentes e adultos que passem por reabilitação na entidade.
'Há muito preconceito contra o deficiente no mercado profissional e não é fácil conseguir empresas dispostas a colaborar", diz a psicóloga Marta Mendonça, coordenadora do setor de psicologia para adultos da AACD.
Marta conta que já ouviu de diretores de uma grande companhia com sede em São Paulo que "esteticamente um deficiente não caberia na empresa". O candidato era um auditor com experiência.
Ela acredita que a discriminação é a melhor explicação para a dificuldade de arrumar emprego. "Em geral, o paraplégico mantém sua capacidade mental intocada. Quantas das pessoas comuns não trabalham sentadas o dia inteiro?"
Atividades ligadas a computação e telemarketing, por exemplo, se encaixam bem ao perfil da maioria dos deficientes. As primeiras pessoas que participam do programa se empregaram nessas áreas.
Escadas no caminho
A psicóloga não subestima, no entanto, o empecilho que escadas e banheiros estreitos representam para o reabilitado se empregar. De acordo com ela, é comum a AACD ser procurada por empresas dispostas a receber deficientes, desde que eles usem muletas.
"A maioria de nosso pessoal está em cadeira de rodas. Só que as companhias não querem fazer mudanças arquitetônicas para receber o novo funcionário", diz.
O programa Sopp (Serviço de Orientação Psico-Profissional), da AACD, foi relançado em fevereiro, depois de passar um ano desativado. "No passado, tínhamos iniciativas mais isoladas. Agora pretendemos crescer e conseguir inclusive cursos de computação para treinamento", explica Marta.
A idéia, diz, não é ser paternalista, mas manter um cadastro de empresas, intermediar a contratação e ajudar a esclarecer os novos colegas, se houver necessidade.
O programa também pretende acompanhar o reabilitado durante um ano, com apoio psicológico quando preciso. O Sopp só atende deficientes que tenham passado pela reabilitação na AACD -cerca de 12 mil pessoas por ano. A entidade faz triagem, mas não aceita apenas pessoas carentes.

Sopp - tel. (011) 576-0923

Texto Anterior: BH é 4ª do país em eventos
Próximo Texto: Tetraplégico se torna analista de sistemas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.