São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 1997 |
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Confissões de um adolescente na NBA
MELCHIADES FILHO
Kobe B. Bryant faz de tudo para parecer, como gosta de dizer, "um adolescente normal". Mas é difícil convencer. Como Andre Agassi no tênis, Kobe foi apresentado bebê ao basquete -enfeitaram seu berço com bolinhas laranjas de espuma. O pai, Joe Bryant, era um jogador profissional sem brilho. Atuou 8 anos na NBA (médias de 8,7 pontos e 4,3 rebotes por partida) até topar um convite da Europa. Joe carregou para a Itália a mulher, Pam, e os três filhos: Sharia, 7, Shaya, 6, e o caçulinha Kobe, 4. Aos 5 anos, ele participava de exibições de bate-bola na Europa. Aos 13 anos, já era desejado pelos empresários do esporte nos EUA. Aos 17, em 1996, deu um bico nos estudos. Pulou do colegial para a NBA, sem passar pela universidade, um trajeto raríssimo na liga profissional de basquete. Hoje, ganha US$ 1.000 por hora dedicada ao campeonato anual mais rico e glamouroso do planeta. O salário médio de um garoto de 18 anos recém-saído da escola nos EUA é de US$ 4,75 por hora. Um adolescente normal? "Nem sei se posso mais me considerar um adolescente", consertou Kobe, em conversa com a Folha. Evitando os lamentos, Kobe disse que nunca se viu à vontade para "virar a vida ao avesso" e que o fato de integrar a legião mais nova a já ter desembarcado na NBA "forçou-o a amadurecer rápido". Ele não vai a uma festa desde outubro. Enfrenta a maratona de viagens e hotéis (mais de cem vôos no seu campeonato de estréia) à base de "sonecas e Super Mario". A fim de suportar as pressões e expectativas -é apontado como o melhor jogador da virada do século-, mirou no maior ídolo que a quadra produziu: Michael Jordan. A exemplo do guru, 16 anos mais velho, Kobe emposta a voz e evita comentários picantes em entrevistas. É o primeiro a chegar para os jogos, o último a sair do vestiário. Jordan fez das enterradas a marca-registrada de seu estilo de jogo; Kobe vai pelo mesmo caminho. Jordan põe a língua para fora sempre que executa um movimento mais radical no ar; Kobe também. "Há uma diferença. Ele tem mais talento do que Jordan possuía aos 18 anos", crava Jerry West, dirigente do Los Angeles Lakers, time de Kobe, e conhecido na NBA pela economia nos elogios. West não hesitou em pagar US$ 3,6 milhões para contar com o menino-prodígio até 1999. Hoje, Kobe fatura mais US$ 2 milhões anuais em publicidade -uma propaganda do tênis Adidas está em cartaz na TV brasileira. Texto Anterior: Ana, 14, está no 2º casamento Próximo Texto: 'Não gosto de vadiagem' Índice |
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