São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 1997 |
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Polêmica pode levar Taís Araújo à Globo
DANIEL CASTRO
Contrariada com o perfil que a Manchete tentou dar à sua personagem -o de uma escrava que usou sua sensualidade para, no século 17, em Minas Gerais, tornar-se "rainha"-, a atriz se rebelou. Na semana passada, ela se recusou a gravar uma cena que indicava que Xica da Silva teria uma relação sexual anal com o contratador João Fernandes (interpretado por Victor Wagner). "Não que eu não concorde que Xica da Silva tenha sido sensual, mas ela foi, acima de tudo, uma mulher de atitude, inteligente. Para mim, aquela cena iria manchar a imagem de Xica", argumenta a atriz. A rebeldia de Taís a tornou objeto de crítica de Walter Avancini, diretor de teledramaturgia da Manchete, que até então a tratava como uma promessa. Avancini, que apostou em Taís -quando ela tinha apenas 17 anos, para ser protagonista da trama- agora dispara contra a atriz, que negocia contrato com a Rede Globo -é cotada para integrar o elenco de "Anjo Mau", próxima novela das seis. "Ela fez exatamente aquilo que eu não queria. Se negou a fazer uma Xica da Silva sensual, porque queria se mostrar para a Globo. Preferiu ser uma 'Maria Chiquinha' a ser uma Xica da Silva, feminista e revolucionária. Ela tem talento, mas na Globo vai ser coadjuvante", disse Avancini. Mito sexual Nesse tiroteio, está em discussão se Xica da Silva, personagem real, era ou não um mito sexual. Taís Araújo não concorda. "As pessoas respeitam Xica da Silva por causa de sua inteligência, não pelo erotismo. Eu só quis defender a personagem", disse Taís. "Seria ingênuo pensar que uma mulher negra, no garimpo, atraísse o homem mais rico do momento sem passar pela cama", questiona Walcyr Carrasco, autor da novela -e que assina sob o pseudônimo de Adamo Angel. "A personagem foi um mito sexual." Carrasco acusa Taís de não ter sido "correta". Segundo ele, Taís sabia que teria de fazer cenas sensuais. Ela até gravou cenas em que aparecia nua. Mas, já no final do ano passado, chegou a gravar uma cena em que tomava banho de rio vestida. A Manchete até providenciou uma dublê para as gravações em que Xica deveria se despir. Segundo Carrasco, a resistência de Taís em interpretar um Xica sensual o obrigou a mudar o perfil da personagem. "Tirei a sensualidade e coloquei humor. Ela beijava o contratador de boca fechada, como em conto de fadas", diz. Para criar expectativa, o autor criou várias cenas em que o contratador pedia a Xica uma "prova de amor". E essa prova seria dada na cena que a atriz se recusou a gravar, da relação anal. "O contratador a abraçava por trás e beijava seu pescoço. Deixava claro que haveria uma relação anal, mas ela não ficava de joelhos", diz Carrasco. Texto Anterior: Orlando exorciza falta de espaço Próximo Texto: Ciclo traz variações sobre a exclusão Índice |
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